RÁDIOS
Campo Grande, 19 de abril

Fumaça cria situação perigosa para mais de 130 mil pessoas que vivem em Corumbá e Ladário

Ribeirinhos pediram socorro durante a madrugada por conta do risco do fogo e 5 crianças, além de adultos e animais foram resgatados

Por Rodolfo César/Giovanna Dauzacker
27/09/2021 • 12h00
Compartilhar

Corumbá e Ladário estão embaixo de uma cortina de fumaça por conta de recente incêndio no Pantanal. A situação adversa e insalubre para a saúde de mais de 130 mil habitantes da região já dura dois dias. Rajadas de vento registradas no final de semana contribuíram para espalhar o fogo no bioma e há intensos focos de calor a cerca de 30 km desses municípios. Não houve chuva na região neste final de semana, como estava previsto pelo Instituto Nacional de Meteorologia.

As rajadas de vento de mais de 32 km contribuíram para espalhar as labaredas e aumentar a dificuldade de combate ao fogo. Os aviões utilizados nessa linha de frente estão impedidos de sobrevoar o Pantanal desde domingo porque não há condições de voo favoráveis e a visibilidade está prejudicada.

Dados do sistema Pantanal em Alerta, dos Bombeiros e do Ministério Público, apontam que os focos de calor aumentaram de cerca de 2,5 mil no domingo para mais de 5,4 mil nesta segunda-feira.

CBN: BANNER 01 KAMPAI 11.04 A 30.04.2024 DIAS ÍMPARES
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na zona urbana, o pior impacto desse fogo é a cortina de fumaça densa que se formou. A qualidade do ar, conforme o Climatempo, está insalubre, principalmente pela presença de partículas inferiores a 2,5 microns e partículas inferiores a 10 microns. Essas partículas são originadas da queima de vegetação. As partículas de 2,5 microns, que são também chamadas de menores, podem penetrar nas vias respiratórias e no sangue e podem causar, com o tempo, câncer, asma, alergias, além de doenças respiratórias e cardiovasculares.

Na zona rural, onde o fogo está próximo, as condições de trabalho dos brigadistas são difíceis e os ribeirinhos enfrentam também dificuldade para respirar, além da iminente ameaça à vida e o risco de perder pertences. Durante a madrugada de domingo, por exemplo, mesmo sem visibilidade de navegação no Rio Paraguai, os Bombeiros precisaram deslocar-se na região do Paraguai-mirim para resgatar nove adultos, quatro crianças, quatro cachorros e um gato.

"Por conta das condições, com muito vento contra e sem visibilidade, demoramos em torno de 1h20 para chegar. Fomos atender uma família, mas no caminho vimos mais pessoas acenando no barranco. Uma casa inteira ficou coberta por fuligem. Tivemos que descer barranco de 8m com uma senhora de 70 anos, outra de 50 anos e um menino de 3 anos, que precisou ficar pelado porque toda a roupa ficou molhada e o enrolamos em um cobertor", contou o bombeiro sargento Carlos Alberto, que atendeu a ocorrência da madrugada.

Os resgates duraram toda a madrugada desta segunda. No deslocamento, a equipe de socorro foi parada duas vezes antes de chegaram ao ponto que havia solicitado apoio porque pessoas sinalizaram da beira do rio que também precisaram de resgate.

A primeira família a ser socorrida estava debaixo de colchões molhados após uma árvore cair sobre a casa e o fogo ficar em volta da residência. Nesse local estavam uma mulher de 50 anos, uma idosa de 70 anos e um menino de 3 anos. A criança ficou sem roupa porque tudo ficou molhado. Dois pescadores também foram encontrados no caminho às margens do rio. A embarcação deles virou após a visibilidade estar ruim e eles caírem na água. O terceiro resgate ocorreu em uma casa onde estavam quatro adultos e três crianças.

O fogo no Pantanal nesta segunda-feira (27) atinge 156 propriedades, em 10 municípios, entre eles em Corumbá e Ladário. Somente nas proximidades das duas cidades, os focos chegam a 3,7 mil casos.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.

Mais de CBN Campo Grande