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Campo Grande, 20 de abril

Maciel Neto analisa liderança e gestão

Depois de 36 anos no mercado corporativo, o consultor que é formado em engenharia mecânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, está se dedicando aos setores de educação executiva e novas tecnologias no agronegócio.

Por Ingrid Rocha
02/07/2022 • 15h30
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Com experiência em administração e negócios por quatro décadas, Antônio Maciel Neto, foi eleito por oito vezes o melhor CEO do Brasil. Liderou empresas como Cecrisa, Grupo Itamarati, Ford, Suzano Papel e Celulose e Caoa Hyundai, destacando-se por sua capacidade em reunir e desenvolver equipes de alta performance, habilidade em negociação e, principalmente, determinação na busca de resultados e cumprimento de metas.


Depois de 36 anos no mercado corporativo, o consultor que é formado em engenharia mecânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, está se dedicando aos setores de educação executiva e novas tecnologias no agronegócio.


Antônio Maciel Neto foi um dos palestrantes do 1º Fórum RCN de Economia e falou sobre a visão que tem economicamente de Mato Grosso do Sul,  gestão de pessoas e lideranças.
O senhor já conhecia Mato Grosso do Sul? 

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ANTÔNIO MACIEL Conheço muito bem Mato Grosso do Sul, na minha trajetória profissional sempre tive muitas coisas aqui. Eu fui presidente da Cecrisa Revestimentos Cerâmicos há quase 30 anos. Então, eu vinha aqui visitar as lojas de materiais de construção. Depois eu fui presidente do Grupo Itamarati, trabalhei com o Olacyr de Moraes, fui o primeiro presidente executivo, assim de fora da família do Olacyr. Então, a gente tinha aqui a Itamarati Sul, uma fazenda, na época a segunda maior produtora de soja acho que do Brasil. Durante esse período no Itamarati participei muito da construção da Ferronorte. Então, tivemos um período grande ali na divisa de São Paulo, entrando pelo Mato Grosso. A Ferronorte foi uma coisa importante não diretamente no Mato Grosso do Sul, mas com impacto forte aqui no estado. Na Ford, a gente também tinha revendedores na região. Agora na Suzano um pouco menos, a gente estudou na época fazer uma fábrica de celulose aqui, que agora finalmente está sendo construída (a Suzano fez a fusão, comprou a Fibria) e agora está com o maior investimento privado do Brasil em andamento. 

Como o senhor enxerga Mato Grosso do Sul com tantas novidades?


ANTÔNIO MACIEL Antes de falar sobre isso quero destacar o projeto de educação executiva, que eu lidero hoje, chama “Academia CEO”. É um projeto muito legal de desenvolvimento de líderes melhores com lições práticas de gestão e liderança. Então, eu entrevisto, já fiz 80 entrevistas – eu mesmo faço a entrevista buscando lições práticas de gestão e liderança – e há dez dias eu conversei com o Walter Schalka, que foi o meu substituto na Suzano. Batemos um longo papo a tarde toda e ele me contou bastante do projeto, de R$ 19 bilhões da empresa, um negócio completamente extraordinário.
Essa empresa que eu tenho com amigos é uma venture capital, que investe em startups, chama-se NT AGRO (Novas Tecnologias no Agronegócio). Então, a gente já tem seis empresas que investimos e escolhemos as que tem impacto no agro.


Vocês encontraram boas ideias aqui? 


ANTÔNIO MACIEL O principal projeto que nós temos aqui é com a Embrapa Gado de Corte. Nós estamos desenvolvendo junto com a Embrapa uma vacina para o carrapato do boi. O professor Renato Andreotti tem 40 anos de pesquisa na área de carrapato – o carrapato é o maior problema da pecuária tropical -. Nós estamos há quase seis anos trabalhando nesse projeto de desenvolvimento e estamos muito avançados. Isso deve ser uma revolução na pecuária tropical. É uma vacina super sofisticada e com proteínas. Eu tenho vindo permanentemente aqui para tratar desse projeto.


Respondendo a sua pergunta sobre Mato Grosso do Sul, eu tenho visto muitas coisas interessantes no estado. Tem o pantanal que é o lugar mais bonito do mundo, eu não me conformo com os meus amigos que conhecem o mundo inteiro e ainda não foram no pantanal. Acho que tem um potencial tremendo.
Agora sobre gestão de pessoas e lideranças.

O senhor fala sobre “agenda do líder”, o que seria isso?


ANTÔNIO MACIEL Todo o líder precisa ter a percepção dessa agenda, que consiste em estratégia, excelência operacional e gente, tendo o cliente no centro. É isso que precisa estar na agenda. 
A estratégia é a direção, qualquer líder precisa saber qual é o caminho. Inclusive tem aquela frase interessante de que “não tem vento à favor de quem não sabe para onde quer ir”. Isso vale para qualquer segmento e empresa. 

A excelência operacional não se discute, pois, a competição está aí e a gente tem que ter essa excelência. E gente é quem faz a diferença, gente qualificada, que tem energia e vontade de trabalhar.
O cliente fica no centro, pois quem paga todas as contas é ele, quem permite o crescimento é o cliente. Então, a gente tem que ter essa perspectiva.


Quais são as principais características desse líder? 


ANTÔNIO MACIEL A gente sempre focou muito nas coisas técnicas e hoje tem uma questão comportamental que faz a diferença nos grandes líderes do mundo. Vou elencar aqui os quatro pontos em relação ao comportamento. 

A primeira é conexão. Hoje, com a tecnologia, a manufatura 4.0, as áreas são todas independentes dentro da empresa e por isso as empresas precisam da conexão, a conexão na própria equipe, com as outras equipes, com os clientes e fornecedores. Vou dar um exemplo, o líder chega no final do mês e diz para equipe que não atingiram a meta porque o outro departamento não entregou o que precisava e que já avisou o chefe sobre a situação. Esse líder está morto, esse líder já era. O líder conector de hoje é mais eficiente, é o que fala para a equipe que o outro departamento não entregou, mas que já marcou uma reunião com o chefe do outro departamento para discutir o que pode ser feito para que ele entregue melhor no próximo mês e que todos vão participar.

O equilíbrio emocional hoje também é muito importante. Quem só trabalha tem produtividade baixa, precisa cuidar da saúde, ter tempo para a família e amigos. Isso aumenta a produtividade.
Tem uma característica única dos grandes líderes que é ser confiável, fazer o que fala, não ter agenda escondida e jogar para a equipe.

Além disso, é preciso ter coragem para fazer o que tem que ser feito. Se você perguntar na empresa o que precisa ser feito e ouvir com atenção o que as pessoas estão falando, elas vão saber o que precisa ser feito.


O que esse líder precisa? 


ANTÔNIO MACIEL O primeiro ponto é tempo para pensar. Hoje se você ficar parado na sua sala tem trabalho para 38 horas, só com o que as pessoas te demandam, mas não está fazendo o que é o foco. Por isso, você precisa de tempo para pensar em o que está fazendo de estratégia, para aumentar a produtividade e se está dedicando o tempo para gente. Qualquer líder que tem 5 pessoas trabalhando precisa dedicar 20%/30% do tempo para trabalhar com as pessoas. É importante também ter a meta clara e dar o feedback.


O que retém uma pessoa hoje em uma empresa?


ANTÔNIO MACIEL Tem três fatores muito estudados para se reter uma pessoa em uma empresa. O primeiro é o ambiente de trabalho, pois 90% das vezes que as pessoas pedem demissão, elas estão pedindo demissão do chefe e não da empresa. Então, o chefe da empresa tem um papel de criar um ambiente que as pessoas gostem de trabalhar no local.
O segundo é a atitude de fazer as coisas e isso depende da gente para fora e não de fora para dentro.

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