Os motoristas de ônibus de Campo Grande entraram decidiram paralisar nesta terça-feira (21), devido ao não pagamento do salário. Segundo o Consórcio Guaicurus, no começo do mês é pago 60% do salário dos trabalhadores e no dia 20, os outros 40%. Dessa vez, eles não conseguiram pagar no dia a parte final e avisaram que iria atrasar. A decisão pela greve pegou até os motoristas de surpresa, segundo o gerente do Consórcio, Robson Strengari.

“Ontem era o dia de pagar o vale quinzenal e nós comunicamos o sindicato que infelizmente até umas 3h30/4h não tínhamos conseguido recurso e íamos atrasar um pouco o vale quinzenal. Hoje, nos deparamos com essa paralisação. Eu cheguei [na garagem dos ônibus] com a esperança de que fosse uma greve de alerta e que fosse por alguns minutos, mas não. Eu acabei de conversar com o presidente do sindicato e disseram que enquanto não pagar, eles não voltam. Se pagar hoje, eles voltam amanhã”.

O Consórcio Guaicurus anunciou que está passando por um esgotamento de recursos financeiros e com a alta do diesel, a situação só piorou.

“Em novembro, a Agereg chegou em uma tarifa de R$ 5,15, mas nós estamos recebendo uma tarifa de R$ 4,40. A Prefeitura está subsidiando o estudante municipal e as pessoas com deficiência, mas isso não cobre essa diferença. Para “ajudar”, de janeiro para cá, o diesel também subiu. Lá na planilha de novembro [2021], o diesel estava em um valor de R$ 4,64 o litro e agora estamos pagando R$ 7,16. Então, só no item diesel, nós tivemos um prejuízo de R$ 1,7 milhão por mês desde janeiro.”, explicou o gerente do Consórcio Guaicurus.

Caso a tarifa fosse atualizada levando em consideração o aumento do diesel e os gastos com manutenção dos ônibus, o valor sairia de R$ 4,40 para R$ 6,23.

De acordo com o diretor financeiro do Sindicato do Transporte Coletivo, William Alves da Silva, os motoristas têm sido um dos mais prejudicados nos últimos anos, que eles foram surpreendidos ao não receber a parte final do salário ontem e decidiram paralisar.

“O trabalhador do transporte é um dos mais prejudicados. Nós estamos vindo cedendo parcelamento de PL, feriado estamos compensando em folga, hora extra compensando em folga. O trabalhador vem sofrendo todas essas situações. De alguns dias para cá, o Consórcio vem avisando o sindicato que está em crise financeira, que não está tendo recurso para pagar pagamento ou vale e para a nossa surpresa, ontem, no dia de pagar os funcionários – todos os funcionários com compromissos, com contas, aluguel, financiamentos – e não tinha o vale. O Consórcio nos informou que não iria fazer o pagamento, pois não tinha recursos. Diante disso, nós tomamos a decisão de fazer a paralisação geral. Enquanto o Consórcio não efetuar o pagamento, nós não vamos voltar as atividades."

A decisão sobre a paralisação foi tomada na garagem. Os motoristas que estavam prontos para começar o turno se reuniram com o sindicato e decidiram por parar. Por esse motivo, uma parte dos motoristas foi trabalhar e ao chegar nos terminais descobriu que estava tendo a paralisação.

O representando do sindicato disse ainda que entende o estresse dos passageiros por não ter ônibus nesse momento, mas que os motoristas também estão em uma situação difícil.

“Queríamos pedir desculpa à população, sabemos que a população foi muito prejudicada, mas estamos defendendo uma classe, que é a dos motoristas e nós não conseguimos mais suportar tanto desrespeito com o trabalhador. Então, em união com os todos os trabalhadores, nós exigimos que nossos pagamentos sejam em dia e que sejam mais valorizados os nossos trabalhadores.”, disse William Alves da Silva.

A previsão é que se caso o Consórcio Guaicurus faça o pagamento nesta terça-feira, o transporte volte a circular amanhã, mas o Consórcio disse que não sabe como vai realizar o pagamento