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Três Lagoas, 18 de abril

A mulher e o mundo cervejeiro

Leia o artigo da sommelière de cerveja artesanal e sócio-proprietária do Beer Prosaz, Flavia de Souza.

Por Redação
26/02/2022 • 07h00
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Êeeee! Que delícia escrever logo perto do Dia Internacional da Mulher! E é óbvio que eu vou falar de nós, empenhadíssimas, lindíssimas, intuitivas, e cheias de qualidades, no meu meio: o mercado cervejeiro. E na, na, ni, na, não. Não escreverei mais do mesmo, falando que a mulher começou a se interessar agora pela cerveja, ou que a mulher atualmente vem se destacando na produção de cerveja. Meu discurso vai ser outro, hein! Então, senta que lá vem história:


Vamos voltar lá atrás. “Há 10 mil anos atrás” – toca Raul! Como diria a professora e mestre-cervejeira Cilene Saorin – Lá atrás, na época em que famílias, pequenas comunidades, em que os clãs estavam descobrindo a agricultura e deixando de serem nômades. Se bem me lembro do que aprendi nas aulas da quinta série na escola, as mulheres e os idosos eram os responsáveis por colher frutos, cuidar das crianças, preparar e cozinhar os alimentos.  E os homens saíam para caçar, espalhar armadilhas, proteger o clã e lutar quando preciso.


Agora vamos parar um pouquinho de falar sobre história e analisar como a cerveja é feita: Precisa moer o grão de cevada, ferver a água e adicionar esses grãos já triturados. Precisa de uma colher comprida para ir mexendo essa fervura. Depois filtrar esse chá de cevada, digo, mosto, hahahaha, e aí adicionar o lúpulo e esfriar esse liquido. Bom, expliquei bem a grosso modo apenas pra você entender que a produção de cerveja nada mais é do que cozinhar a cevada, cozinhar o trigo, cozinhar todos os grãos que haviam disponíveis naquela época.

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Sabendo disso, agora pergunto: Quem provavelmente teria inventado a cerveja? O homem que saía para caçar e dormir ao relento e proteger o clã... ou a mulher que cozinhava, que cuidava e preparava os alimentos?
É... Tá vendo, tá vendo... Estamos nesse meio cervejeiro desde os primórdios.


Agora vamos voltar aos dias mais recentes. No final do século XI, nascia na Alemanha uma mulher que revolucionou o modo de conservar a cerveja. Hildegard Von Bingen foi uma monja beneditina, botânica, médica, teóloga, escritora e dentre tantas outras profissões a qual é atribuída pelos seus registros. Ela foi a primeira pessoa a documentar o lúpulo como um ótimo conservante natural, incentivando o uso dele para produzir cerveja.


Será que só com esses dois fatos históricos, dentre outros, eu consigo te convencer de que nós mulheres não estamos conquistando o mercado cervejeiro atualmente, mas, sim, resgatando o nosso papel do mundo cervejeiro? 


Finalizo dizendo que atualmente estamos apenas saindo daquela imagem na praia - a qual eu cresci vendo na televisão – mulher bonita, de biquíni, com latinha na mão, e estamos trocando o biquíni pelo velho e antigo avental, trocando a latinha por aquela colher comprida que sempre nos pertenceu. É, minha, gente! Estamos apenas retornando ao mercado que sempre foi nosso! 

*Flavia de Souza é sommelière de cerveja artesanal e sócio-proprietária do Beer Prosaz.

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