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Ambientalista encontra ninhada de jacaré na Lagoa Maior

Cerca de 60 ovos foram encontrados e número de animais que habitam local pode aumentar

Por Ana Cristina Santos
26/12/2016 • 17h42
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O ambientalista Manoel Pimenta encontrou nesta segunda-feira (26) uma ninhada de jacaré na Lagoa Maior, em Três Lagoas. A reportagem esteve no local e presenciou os ovos sendo cuidados por um jacaré.

Segundo Pimenta, pela contagem superficial que fez, para evitar o contato com os ovos, e consequentemente preservar o local, foi constatado cerca de 60 ovos.

A ninhada encontrada no local aumenta a preocupação do ambientalista com a quantidade de jacarés que existem na Lagoa Maior. “Enquanto tem um, dois indivíduos, a gente tem um controle superficial sobre eles, mas a partir do momento que essa quantidade, esse rebanho aumenta, torna-se- excessivo para a Lagoa, torna-se um perigo, e quebra o equilíbrio da local. Tanto que a gente não observa mais nenhum pássaro, nenhum bicho no local, apenas capivaras porque tem bastante. O jacaré come pato, como tudo que aparece, é um predador máximo da cadeia”, comentou.

Na opinião de Pimenta, que faz parte da Associação Amigos da Lagoa, e também é funcionário da Secretaria do Meio Ambiente, a Justiça falhou quando determinou a permanência de jacarés no local. “Acho que o juiz não teria noção de que isso poderia aumentar e criar um problema sério, porque nem a Polícia Militar Ambiental, que fiz contato, tem condições de pegar essa quantidade [de ovos]”, declarou.

AÇÃO

Para o ambientalista, o controle dos jacarés deixou de ser feito quando o promotor de Justiça do Meio Ambiente, Antônio Carlos Garcia de Oliveira, pediu a retirada dos animais da Lagoa.

Em fevereiro deste ano, o promotor ajuizou uma ação civil pública contra a Prefeitura de Três Lagoas solicitando que os jacarés fossem removidos para o Parque do Pombo, área distante do perímetro urbano, porque poderiam causar riscos à população.

O juiz de Direito substituto, na época, Rodrigo Pedrini Marcos, no entanto, indeferiu o pedido da Promotoria, por entender que os animais não oferecem riscos já que o local não é usado por banhistas. O magistrado alegou ainda que a presença dos jacarés na Lagoa propicia prazer aos visitantes "bem como sentir-se mais próxima da natureza".

 A Lagoa Maior, conforme o juiz, se tornou ponto turístico da cidade e tem recebido espécies de animais silvestres, como os jacarés da espécie papo amarelo. E, em razão da quantidade de pessoas que circulam no local, os bichos se tornaram atração.

“Na maior parte do tempo, humanos e bichos convivem de maneira agradável. De um modo geral, o sentimento que esses animais provocam nas pessoas é de um contato direto com a natureza, o que aumenta o bem-estar coletivo e a sensação de prazer”, destacou o juiz em sua ação.

Mesmo não sendo originário da Lagoa Maior, segundo o magistrado, percebe-se que o jacaré se integrou à fauna ali presente, convivendo de modo harmônico e equilibrado com outros animais ali existentes, tendo a natureza se mostrado pródiga e se adaptando às agressões ocorridas pelo crescimento, muitas vezes desordenado, das cidades.

O ambientalista Manoel Pimenta discorda da decisão judicial. “Ele tá criando um problema muito sério, difícil de resolver. Entendo que é preciso juntar universidade [UFMS], Promotoria, Secretaria [do Meio Ambiente] para ver o que podemos fazer, porque a partir do momento em que esses ovos eclodirem, vai haver uma quebra muito maior do equilíbrio”, acrescentou Manoel Pimenta.

Ainda de acordo com o ambientalista, o jacaré que está tomando conta da ninhada, não é dos maiores que existem no local, por esse motivo, acredita que o número de animais na Lagoa Maior seja grande. “Nós já temos aqui três gerações de jacarés, e para criar a quarta, em uma proporção geométrica, não é difícil”, comentou.

Jacaré cuidando da ninhada

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