VIOLÊNCIA

Com pistola na mão, policial ameaça morador por causa de 'pipa'

Moradores foram surpreendidos dentro de casa pelo policial que exigia a devolução do brinquedo

7 SET 2017 • POR Redação • 06h37
Com a pistola na mão, policial militar ameaça pedreiro que descansava em casa com a família - Reprodução

O policial que aparece nas imagens de arma em punho e ameaçando o homem que está sentado, é Rodrigo Ramires. Ele é lotado no 2º Batalhão da Polícia Militar de Três Lagoas. A vítima, um pedreiro que descansava com a família na porta de casa. A cena foi gravada pela sobrinha, Nayara Cristina Carvalho dos Santos que conversou com a reportagem do JPNews.

O caso aconteceu no dia 19 de agosto na rua Joaquim Thiago da Silva, no bairro Paranapungá em Três Lagoas, mas só foi divulgado nesta quarta-feira, 06 de setembro. Motivo: durante a filmagem, o aparelho de telefone celular utilizado na gravação acabou sendo danificado. Um homem, identificado como Leonardo e que também aparece nas imagens, agrediu Nayara que tentava registrar a cena de violência que por pouco não terminou em tragédia.

De acordo com o depoimento de Nayara, a agressão teria ocorrido por causa de uma “pipa”, (também conhecida como pandorga ou papagaio de papel, um brinquedo). Segundo ela, o policial militar invadiu a casa da família acompanhado de Leonardo. Nayara disse à reportagem que os dois são irmãos. De armas em punho e apresentando embriaguez, o PM exigia a devolução de uma pipa que teria caído nas proximidades da casa onde o caso foi registrado. Nayara contou que momentos antes da invasão, ela conseguiu capturar um brinquedo que caiu perto de sua residência. Nayara também mora no local onde o caso foi registrado.

“A gente costuma brincar, correr na rua atrás das pipas que caem. Isso é uma tradição no Brasil. Todos saem correndo atrás do brinquedo quando ela vem caindo do céu, geralmente depois de uma batalha entre duas pipas”, lembrou.

Ainda segundo ela, passado algum tempo, um menino a procurou e pediu que ela devolvesse a pipa. “A gente negociou e eu fiquei com metade e ele com a outra metade. É parte da brincadeira também. Mas logo depois, o policial invadiu nossa casa de armas em punho e foi quando eu decidi registrar”, disse.

O homem na mira do policial é Silvano, tio de Nayara. Pedreiro, ele descansava com a família na porta de casa com a filha de dois anos no colo quando foi surpreendido pela invasão. “Meu tio tem duas crianças pequenas. Estava na casa dele e acabou enfrentando aquela situação sem dever nada. Só tinha ele de homem na casa. Éramos quatro mulheres e duas crianças. Foram momentos de muito medo”, relatou.

“Sabemos que o policial mora aqui no mesmo bairro que nós. Registramos o Boletim de ocorrência e agora vamos aguardar que a justiça decida sobre o caso. Somos trabalhadores. Não havia motivo para enfrentarmos aquela situação”, lembrou.

Outro lado

O comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar de Três Lagoas, James Magno, informou que vai avaliar o caso para tomar as providências cabíveis. Disse ainda que vai analisar a atitude do policial, que poderá responder procedimento administrativo, inquérito policial ou sindicância, se for comprovado o crime. “Após a avaliação e, caso seja confirmado a conduta do policial, podemos encaminhar ao Ministério Público Estadual e poderá ser punido administrativamente”, pontuou.