Pecuarista denunciou crimes de Puccinelli após delação dos irmãos Batista
Ivanildo Miranda confessou ser operador de esquema com empresas em nome do ex-governador
14 NOV 2017 • POR Valdecir Cremon • 17h28A delação premiada do pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda foi o ponto de partida da Polícia Federal, a Controladoria Geral da União e a Receita Federal para a prisão preventiva (por cinco dias) do ex-governador André Puccinelli (PMDB) e do filho dele André Puccinelli Junior, nesta terça-feira (14). Miranda, de 59 anos, revelou a procuradores e à Polícia Federal o conteúdo que gerou a abertura da 5ª fase da Operação Lama Asfáltica.
Como dono de fazendas de gado e diversas empresas de alimentos, bebidas e produtos automobilísticos, Miranda admitiu que atuou como
Operador de Puccinelli em um esquema de recebimento de propinas da JBS e de outras empresas, que deu prejuízo de R$ 235 milhões aos cofres públicos entre 2006 a 2013.
A iniciativa de Ivanildo Miranda surgiu com a citação do nome dele na delação premiada dos donos da JBS, Joesley e Wesley Batista, em março deste ano, à Procuradoria Geral da República na Operação Lava Jato. Os empresários, que também são irmãos, teriam incluído o pecuarista em uma lista de “intermediários” de propinas pagas a políticos.
Ivanildo Miranda prestou depoimentos à Polícia Federal em julho deste ano e o acordo com a Justiça foi homologado em agosto pelo juiz federal Fábio Luparelli Magajewski, dfa 3ª Vara Criminal Federal de Campo Grande.
O benefício da confissão será o uso de tornozeleira eletrônica, em prisão domiciliar, em caso de condenação
A Puccinelli, Miranda afirma que entregou R$ 20 milhões em propina pagas somente pela JBS. Metade do dinheiro teria sido dado em forma de doação eleitoral em 2012, com registro na Justiça Eleitoral do Estado.
O advogado de Puccinelli e o filho, Renê Siufi disse que ainda prepara o pedido de liberdade de ambos, após audiência de custódia realizada nesta terça.
LIVROS JURÍDICOS
Além do ex-governador e de seu filho, também foram presos os advogados Jodascil Gonçalves Lopes e João Paulo Calves, ambos ligados a uma escola de ensino jurídico que pertence a André Puccinelli Junior. O envolvimento dele no esquema inclui a venda ficitícia de livros jurídicos ao governo.
As vendas "esquentavam" dinheiro obtido por meio de propina, segundo a PF.
O advogado André Borges informou por meio de nota que pedirá a liberdade de Jodascil Lopes e João Calves ainda nesta terça à Justiça.
Seis pessoas foram levadas para depor na Polícia Federal por meio de ação coercitiva: André Cance, João Maurício Cance, João Amorim, João Baird, Mirched Jafar Júnior e Antonio Celso Cortez.
A quinta fase da Operação Lama Asfáltica é denominada Papiros de Lama. Papiros é o nome de antigos escritos. Lama asfáltica é referência à investigação que começou com apuração de pagamento de propinas de empresas de pavimentação, a políticos, em contratos com o Estado.