Observatório

Quem se envergonha com a história de dona Geralda?

A catadora de papelão que vive na pobreza, mas paga o salário e banca as despesas de muita gente rica

11 DEZ 2017 • POR Redação • 20h48
Aos 74 anos ela se embrenha em matas e percorre ruas esburacas em busca de recicláveis para sobreviver - Arquivo / JPNEWS

Dona Geralda Carolina de Jesus, 74 anos, catadora de papelão. Dona Geralda - que se confunde na foto com a paisagem do local repleto de sacos e panos velhos por conta da roupa simples e castigada que veste - precisa se embrenhar em matas, revirar lixos e pedir para si o que muitos jogam fora, na esperança de complementar sua renda mensal, uma aposentadoria no valor de 937 Reais, para sobreviver. Cada quilo de recicláveis conseguido por dona Geralda lhe rende 0,15 centavos e, “grão a grão”, ela torce para que consiga custear ao menos metade do valor dos medicamentos mensais que lhe custam 500 Reais. Dona Geralda foi denunciada por um vizinho que alegou que o armazenamento dos recicláveis causa mau cheiro, mas, ao vistoriar o local, a Vigilância Sanitária não constatou a veracidade da denúncia e ainda ressaltou que ela armazena todo o material de forma organizada. Será que alguns agentes políticos do município e da região, que são pagos e custeados através dos impostos recolhidos da renda da catadora, se constrangem com a história de dona Geralda? Muitos deveriam. Dona Geralda é exemplo para o país, especialmente para a classe política nacional, que deveria se lembrar dela antes de pleitear reajustes salariais e benefícios.