HTLV

UFMS investiga vírus em imigrantes japoneses

Estudo está sendo realizado em São Paulo, estado com a maior população japonesa e Okinawana do país

27 JAN 2018 • POR Ronie Cruz • 08h46
Vírus ataca sistema imunológico; pesquisa foi realizada também em Campo Grande, em 2012, segundo os pesquisadores - Divulgação

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul investiga o Vírus Linfotrópico de Células T Humanas (HTLV) entre imigrantes japoneses e seus descendentes. O HTLV é um vírus que afeta o sistema imunológico no corpo humano e pode atingir qualquer pessoa. A pesquisa tem apoio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Associação Okinawa Kenjin do Brasil, Fiocruz-MS e Ministério da Saúde.

O estudo está sendo realizado em São Paulo,  estado com a maior população japonesa e Okinawana do país. O objetivo dos estudiosos é conscientizar a população a respeito do vírus por meio do estudo científico. Além de diminuir o índice de novas infecções nas futuras gerações. “Como não há tratamento específico contra o vírus, a melhor forma atual para combatê-lo é evitar a transmissão para outras pessoas”, afirma a pesquisadora Larissa Melo Bandeira.

Em outra pesquisa realizada pela UFMS entre japoneses e descendentes em Campo Grande, foi encontrada a prevalência de 6,8% de infecção pelo HTLV. Segundo os pesquisadores, a taxa acima de 5% é considerada alta e indica que a prevalência da infecção se mantém alta na comunidade japonesa de Campo Grande, mesmo após quase 30 anos do primeiro estudo.

No trabalho mais atual em São Paulo, as pessoas com resultado positivo para HTLV foram examinadas por neurologista, mas ninguém apresentou sinal de doença causada pelo vírus.

A forma mais comum de transmissão do vírus é por meio da amamentação, mas também ocorre por relação sexual - o que reforça a necessidade do uso de preservativo, conforme os pesquisadores.
No caso de mulheres portadoras do vírus que precisam amamentar, recomenda-se o uso de fórmulas lácteas para alimentar o bebê.

Conforme os pesquisadores, estudos recentes apontaram que a transmissão do vírus por transfusão de sangue praticamente não ocorre mais. Porém, pode haver contágio pelo compartilhamento de objetos contaminados como agulhas, seringas, barbeadores e materiais de manicure.

Registros apontam que o vírus chegou ao Brasil em 1908 após a vinda de um grande número de imigrantes japoneses da ilha de Okinawa, localizada na área considerada endêmica para a infecção pelo HTLV. Atualmente, o Brasil tem 2,5 milhões de portadores do vírus, sendo Salvador a região de maior prevalência no país.