Movimento

Pressão do governo não desmonta paralisação na divisa com São Paulo

Integrantes de movimento que bloqueia a passagem de caminhões, em Três Lagoas, prometem “resistência”

26 MAI 2018 • POR Kelley Martins e Valdecir Cremon • 07h14
Kelley Martins/JPNews

Integrantes do movimento independente de caminhoneiros que paralisa o transporte de cargas entre Mato Grosso do Sul e São Paulo, em Três Lagoas, afirmaram, na noite desta sexta-feira (25), que o protesto deve prosseguir no final de semana, apesar da pressão do governo federal, inclusive com determinação do uso das Forças Armadas para reabertura de rodovias interditadas. A alegação dos grevistas é que a rodovia BR-262, onde se concentra o maior número de manifestantes, aproximadamente mil caminhões, não foi fechada.

“Essa ordem não vale aqui para nós. A rodovia não está fechada”, disse Fernanda Cabanha, que integra o movimento. Jonier Verdinassi, que parou seu caminhão no local desde o início da mobilização, disse que o movimento “vai durar até os 48 [minutos] do segundo tempo”, em referência à resistência dos grevistas.

No período da tarde, uma equipe da Polícia Rodoviária Federal esteve no local do protesto - que também impede a passagem de caminhões no sentido a Paranaíba e Aparecida do Taboado - sem interferir no movimento. Por mensagem de celular, a PRF informou que não recebeu orientações para a saída dos caminhoneiros. Um policial que falou com a reportagem disse que as determinações de liberação “faziam referências a pontos que a rodovia foi realmente obstruída o que não é o caso do MS”. 

Também por telefone, um oficial do Exército, sediado na cidade, disse não ter determinação para “mobilizar a tropa” para o cumprimento de ordem da Presidência da República para a liberação da pista. Os nomes dos  entrevistados foram omitidos propositalmente na reportagem.

ECONOMIA
A greve deve entrar, neste sábado, em seu quarto dia, enquanto o governo se desdobra para tentar um acordo com as entidades da categoria. Assim,  moradores de Três Lagoas sentem há dois dias o reflexo da manifestação pela falta de combustível nos postos, estoque reduzido de produtos em supermercados e desabastecimento de gás de cozinha nas revendedoras, além de ameaças de cancelamento de voos e correspondências. 

A empresa responsável pela coleta de lixo disse que possui estoque de diesel para mais quatro dias. Ambulâncias e ônibus da prefeitura tiveram circulação reduzida.  As fábricas de celulose não revelam, mas temem pela falta de eucalipto e uma fábrica de derivados de soja opera com o estoque. No Estado,60% das indústrias estão com as atividades paralisadas, segundo a federação do setor.