DSTs aumentam assustadoramente na Cidade

A vinda de grande número de trabalhadores à cidade fez disparar as estatísticas destas doenças

26 NOV 2008 • POR Redação • 07h20
Programa DST/AIDS tem como objetivo promover ações educativas, desenvolvendo cotidianamente trabalho

“A população tem que se convencer de que AIDS existe sim no município”, afirmou a coordenadora do Programa Municipal de DST/AIDS, Alexandra Nunes, ao relatar o aumento de 40% nos casos de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), somente em 2008, em Três Lagoas.
Existente há 18 anos, o programa DST/AIDS tem como objetivo promover ações educativas, desenvolvendo cotidianamente trabalhos com jovens, adolescentes e grupos de riscos, levando orientação sobre a prevenção da doença e do acompanhamento a ser feito quando detectada. Segundo Alexandra, o alto indicador de trabalhadores vindos à cidade para as construções das indústrias de papel e celulose teve como conseqüência o crescimento de 40% nos registros das DSTs no município.
São constatado 40 novos casos de AIDS anualmente em Três Lagoas, além das demais DSTs, como a condiloma (HPV), sífilis e outras doenças vaginosas. Para tentar diminuir estes índices, Alexandra afirma que o programa realiza constantemente palestras educativas e orientações direcionadas às profissionais do sexo na cidade, além de repúblicas, alojamentos e escolas.
Segundo levantamento do programa, existem 20 pontos de prostituição, que, de acordo com a coordenadora, são freqüentados assiduamente pelos trabalhadores. As profissionais do sexo alegam grande resistência por parte deles em utilizar a camisinha como método preventivo. “A resistência cultural é um fator muito forte. Para isso, nós estamos constantemente trabalhando junto aos alojamentos para mostrar a estes homens o quanto eles estão sujeitos a doenças”, afirma.

A DOENÇA

Um levantamento feito pelo programa, em Três Lagoas, apontou que a proporção de pessoas infectadas na cidade varia entre as faixas-etárias de 20 a 30 anos. Atualmente existem 195 pessoas sendo atendidas pelo programa. “A AIDS é uma doença menos agressiva que o Câncer, porém o sofrimento psicológico do paciente é maior que o físico”, afirma Alexandra. Os efeitos colaterais provocados pelo coquetel de remédios e a frágil auto-estima são os maiores problemas enfrentados pelo portador do vírus, além do preconceito, ainda latente na sociedade. O trabalho de conscientização e esclarecimento realizado pelo programa é fundamental na luta contra AIDS. “O tratamento da doença evoluiu drasticamente, hoje em dia os pacientes envelhecem com a doença, o que significa uma grande sobrevida destes”, comenta.
 
CAMPANHA MUNDIAL

Próximo ao dia Mundial de Luta Contra a Aids, dia 1° de dezembro, a cidade entra em alerta contra a doença. Pesquisa realizada pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo mostrou que a proporção de pessoas com 50 anos ou mais que se infectaram com o vírus HIV é a maior da história.
Enquanto o número de novos casos de AIDS caiu entre pessoas de menor escolaridade, nos últimos dez anos, a infecção pelo vírus da Imunodeficiência Humana Adquirida (HIV) avançou na população mais escolarizada. Um levantamento da Secretaria de Saúde do Estado comprova o crescimento do que pode parecer um contra-senso. Nem mesmo o acesso a informações sobre prevenção foi capaz de proteger a população com mais idade e mais estudo da doença.
O Governo Federal, assustado com o crescimento da gravidez precoce e com o crescente descaso dos usuários da camisinha, pretende investir, mais uma vez, nas campanhas em defesa do preservativo.

CAPACITAÇÃO

Para capacitar os profissionais de saúde da cidade, a Secretaria de Saúde, por meio de Programa Municipal DST/AIDS, realiza até esta sexta-feira (28) um treinamento sobre a Abordagem Sindrômica das Doenças Sexualmente Transmissíveis. O curso tem por objetivo trazer rapidez no processo de atendimento e diagnóstico dos casos. As palestras em Três Lagoas são ministradas pelo professor Otávio Soares Pinho, de João Pessoa (PB), consultor do Ministério da Saúde.