Carnaval

‘Foliões devem ter cuidado redobrado com dengue e DST’s'

Infectologista fala sobre doenças e prevenções para curtir a folia com segurança

23 FEV 2020 • POR Loraine França • 07h00
Especialista diz que beijo na boca pode causar doenças - Luis Vilela/CBN

Mato Grosso do Sul está em alerta devido ao número de casos de dengue que, segunda a Secretaria Estadual de Saúde, ultrapassa 16 mil notificações. E por conta da ida e vinda de pessoas no Carnaval, a infectologista Patrícia Alexandrino recomenda que os foliões recorram ao uso de repelentes para evitar o contágio da doença que já vitimou 12 pessoas no Estado.

Como o Carnaval é época de alegria e do aumento do consumo de álcool, Patrícia ressalta, ainda, a importância do uso de preservativos, já que os casos de doenças sexualmente transmissíveis (DST’s) podem se propagar nesta época do ano. 
Em entrevista à rádio CBN Campo Grande, a especialista falou doenças mais comuns no carnaval e as formas de prevenção para curtir a folia com saúde. 
 
Estamos enfrentando um momento crítico de dengue. Pessoas acabam indo para outras regiões e isso pode ser um problema ou não? 

PATRÍCIA Na verdade, sim. O Brasil já registrou mais de 70 mil casos de infecções pelo vírus da dengue e pode ser um problema sim. Então, a recomendação é o uso de repelentes. As pessoas poderiam aproveitar o feriado do carnaval e fazer o dever de casa, limpar os quintais, porque nós sabemos que, infelizmente, os focos do vetor do mosquito são, predominantemente, domiciliares. 

A gente sabe que é comum essa transição de regiões. Essa migração de pessoas favorece em alguma coisa? Ou não? É só um cuidado especial em relação ao período que o Estado está vivendo? 

Em relação a dengue, a gente tem casos notificados em praticamente todas as cidades então, não tem tanta alteração. O que favorece a proliferação de infecções virais é a aglomeração de pessoas. No momento que você tem aglomeração de pessoas, principalmente, as doenças que são transmitidas por via respiratória, têm mais chance de serem transmitidas. Agora, no carnaval a gente sempre fala em relação às infecções sexualmente transmissíveis. As pessoas acabam bebendo um pouco mais, descuidando. Então, é importante lembrar sempre do preservativo. A infecção pelo HIV ainda é muito prevalente entre a população, especialmente entre os jovens e indivíduos com mais de 50 anos. 

É impressão minha ou tem se falado menos sobre AIDS, sobre contaminação? A gente percebe que o foco da notícia é cíclico. 

Sem dúvida. A gente tem momentos que acaba falando mais. A gente tem 30 anos de epidemia, já estamos desde 1996 com a terapia de retroviral, que foi um grande avanço. Hoje em dia, a gente tem tratamento para os pacientes, mas é uma doença que tem prevenção, então, é importante que as pessoas usem o preservativo, se forem ter um comportamento de risco. Não existem grupos de risco e sim comportamentos de risco que é ter uma relação sexual sem uso do preservativo. 

E pra quem tem a intenção e gosta de brincar todos os dias, a gente sempre fala da hidratação. O calor é um motivo a mais para se hidratar? 

A hidratação, os dias quentes e a pessoa fazendo atividade física durante a folia, é importante que a pessoa tenha sempre uma garrafinha e, lembrando que, com o álcool a pessoa acaba se desidratando mais rapidamente. Então, se ela estiver consumindo bebida alcoólica, lembrar de consumir água porque vai ajudar até na ressaca.