Prova de amor

Mulher faz bariátrica para doar rim ao marido

Josiani perdeu 60 quilos, fez exames de compatibilidade e poderá doar órgão a Sidnei, doente renal crônico

14 MAR 2020 • POR Alex Santos • 13h46
Sidnei faz tratamento de diálise e é acompanhado pela mulher Josiani - Alex Santos/JP

Você seria capaz de fazer uma cirurgia de risco para doar um rim para alguém? A Joseli Miranda da Costa Almeida, de 38 anos, respondeu “sim” e fez isso. Ela escolheu doar o órgão após descobrir a doença do marido, que teve problemas renais como consequência. O problema com a obesidade não foi impedimento para a sua determinação. 

Tudo começou quando Sidnei Moreira, de 40 anos, foi a um hospital porque apresentava inchaços pelo corpo. Na consulta, ele descobriu que os dois rins estavam paralisados. Desde então, faz três sessões de hemodiálise por semana e aguarda na fila o transplante.

Sidnei conta que familiares fizeram o teste de compatibilidade, mas, por motivos de saúde, não puderam doar. O que Sidnei não espera era o desejo da esposa de poder ser a doadora, porém, por conta da obesidade, médicos não quiseram realizar os exames de compatibilidade. “Na época ela queria fazer, mas, infelizmente não pode”, disse.

Joseli, que pesava na época 140 quilos, encarou uma cirurgia de redução de estomago e, hoje, com 88 quilos, ela aguarda a realização de exames para doar um dos rins a Sidnei. “O mais importante era a compatibilidade e deu tudo certo. Agora estou na expectativa de fazer o transplante”, disse.

Desde que soube da vontade da esposa, Sidnei conta que o sentimento é de gratidão. “Ela sempre me apoio, sempre pedimos para que Deus nos tirasse desse momento”, finalizou.

Após resultados de exames, Sidnei e Joseli aguardam pelo procedimento, que deve ser realizado nos próximos meses. 

DADOS
Estima-se que haja atualmente no mundo 850 milhões de pessoas com doença renal e que 2,3 milhões de mortes sejam decorrentes da enfermidade.

De acordo com o nefrologista Renato Pontelli, é necessário disseminar, orientar e prevenir doenças renais crônicas. “São doenças pouco conhecidas. Precisamos levar informação correta para a sociedade”, disse. 

Estudo da Sociedade Brasileira de Nefrologia revela que 50% dos indivíduos sem doença renal nunca consultou um médico para cuidar dos rins, seja clínico-geral ou o nefrologista, o especialista, que só foi visitado por 8% dos respondentes sem doença ativa.  Estes dados também ressaltam a real percepção de doenças populares, como é o caso do câncer renal. A patologia foi citada como a doença que mais preocupa pacientes e não-pacientes, o que não corresponde com a realidade do cuidado.