Novo bairro

Área invadida por famílias vira favela em Três Lagoas

Barracos começam dar lugar a casas de alvenaria e comércio improvisado em área de 12 hectares na saída para Brasilândia

30 MAI 2020 • POR Ana Cristina Santos • 07h00
Família de sete pessoas mora em uma peça - Arquivo/JP

Uma área particular de 12 hectares e meio, na saída de Três Lagoas para Brasilândia, foi dividida em 408 lotes. Atualmente, 360 famílias moram em barracos construídos no local. Os barracos, no entanto, começaram a dar lugar a casas de alvenaria e, até comércio, funciona no local. 

As famílias aguardam agora, uma decisão da Justiça, bem como a aprovação de um projeto de reurbanização social para conseguir legalizar a área e não serem despejadas do local. A área pertencente a uma empresária de Araçatuba (SP) foi invadida em março de 2018, sob a alegação, dessas famílias não terem condições de pagar aluguel.

Logo após a invasão, a empresária ingressou na Justiça com ação de reintegração de posse. Em agosto de 2018, decisão de primeira instância obrigou as famílias a sairem, mas parte do grupo ficou. Em novembro de 2018, o Tribunal de Justiça aceitou pedido da Defensoria Pública de Três Lagoas para suspender a liminar que determinava a reintegração de posse, garantindo a permanência das famílias no local até hoje.

Passado mais de dois anos sem uma sentença final, a área foi transformada em um bairro precário e sem infraestrutura. Os barracos não dispõem do mínimo de conforto às famílias que, na grande maioria, são compostas por várias crianças. Têm famílias com até seis crianças morando em um cômodo. O local não dispõe de água encanada e nem energia elétrica legalizadas. A água disponível vem de duas caixas de água que tem no local, e a energia de ‘gato’. 

O líder do movimento, Erasmo Carlos dos Santos, disse que as famílias esperam a desapropriação da área para o impasse seja resolvido. “A gente conta com o apoio da Câmara de Vereadores e da prefeitura para aprovação desse projeto de reurbanização social. Tenho certeza que o Executivo e Legislativo vão buscar uma forma de solucionar a vida desse povo que busca por uma moradia”, destacou.

Para que o local não se transforme em uma favela, o líder do movimento disse que é feito um trabalho para não permitir o crime e criminosos no local. Mas, além disso, ressaltou a importância da infraestrutura básicas para o local.

Barracos abrigam até sete pessoas

Basta andar pelas ruas improvisadas do novo bairro, para se deparar com uma realidade triste. Famílias com até sete pessoas morando em um cômodo. A Rosana e o marido, ambos desempregados, moram em uma peça que tem junto um banheiro improvisado. Para dormir, eles se dividem. A mãe, e as três filhas, dormem na cama, e o marido, e os dois filhos, em um colchão no chão. Eles sobrevivem de doações e da renda do Bolsa Família.

Antes de ir para o local, disseram que moravam em uma casa alugada no bairro Vila Verde, sem condições de pagar o aluguel, se viram obrigados a morar nesse barraco. Apesar de não ter infraestrutura mínima, Rosana disse que, ainda assim é bem melhor da situação em que estava, quando pagava aluguel.

Desempregado, Sérgio Rodrigues, também mora em um barraco com a mulher e os cinco filhos. Disse que não tem condições de pagar aluguel, por isso foi para o local com a família.

Haitianos constroem casas no local

Além dos três-lagoenses, e pessoas que vieram de outros estados brasileiros para Três Lagoas e se viram na necessidade de ocupar um espaço nessa área, o local também abriga a comunidade haitiana. 

Unidos, os haitianos se juntam para construir casas para eles.  Eduardo Caseus é mestre de obras, e delegado de imigração do povo haitiano em Três Lagoas. Ele é o responsável pela elaboração dos projetos das moradias dos haitianos no local. Destacou que eles são muito unidos e um ajuda o outro. Além disso, destacou que o povo brasileiro é muito solidário e tem ajudado muito eles com doações, inclusive de alimentos. Atualmente, nessa área, tem 40  haitianos.