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Vale vende mineração em Corumbá por US$ 1,2 bilhão para grupo dono da JBS

A J&F Investimentos já atua em Mato Grosso do Sul no setor de carnes e de celulose, e agora também incorpora a mineração

6 ABR 2022 • POR Rodolfo César • 10h40
JBS é o braço de produção de proteína animal do grupo que comprou ativos da Vale em Corumbá - Divulgação

A J&F, grupo proprietário da JBS - que tem plantas espalhadas em Mato Grosso do Sul - e da Eldorado, localizada em Três Lagoas, assinou contrato de venda com a Vale do Rio Doce para a compra dos ativos da Vale no Sistema Centro-Oeste, que fica em Corumbá.

A mineradora, que está em Corumbá há 46 anos, vem tratando sobre o desinvestimento no Pantanal desde o final do ano passado. Em 1º de abril a empresa fez comunicado oficial ao mercado nacional e internacional sobre as negociações, sem divulgar detalhes do comprador. 

"Pelos termos acordados, o enterprise value da transação é de cerca de US$ 1,2 bilhão para um conjunto de ativos que contribuiu com US$ 110 milhões de EBITDA ajustado para a Vale em 2021. No fechamento da transação, a Vale receberá cerca de US$ 150 milhões, além de transferir ao comprador as obrigações  relacionadas aos contratos logísticos de take-or-pay, sujeito à anuência das contrapartes aplicáveis, e demais passivos existentes no conjunto de ativos das referidas sociedades.

O Comprador também assumirá as operações com todos os funcionários do conjunto de ativos. A conclusão da transação está sujeita ao cumprimento das condições precedentes usuais, incluindo a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), do Conselho de Defesa Nacional (CDN) e demais autoridades regulatórias competentes", especificou a nota da Vale, assinada por Gustavo Duarte Pimenta, diretor executivo de relações com investidores.

Quando a Vale adquiriu toda a estrutura existente em Corumbá para exploração de minérios de ferro e de manganês, além do sistema de escoamento por meio do rio Paraguai, o negócio com a Rio Tinto ficou na cifra de US$ 750 milhões. Na época, a cotação da moeda norte-americana estava na faixa dos R$ 2,30 e com isso a transação foi cerca de R$ 1,7 bilhões. 

A decisão em vender os ativos em Corumbá, conforme apurado, está na análise de mercado que a empresa fez diante do custo de escoamento da produção e as dificuldades encontradas para a exportação, principalmente, devido à estiagem e impedimento da navegação comercial pelo rio Paraguai. Esse problema está arrastando-se por quatro anos, a serem completados agora em 2022. Além disso, a previsão é que a seca perdure até 2024.

A exploração de minério no Pantanal, pela Vale, é responsável pela geração de 1 mil empregos diretos, além dos indiretos. Além disso, ela gera mais de R$ 90 milhões ao ano de arrecadação, tanto para a Prefeitura de Corumbá como para o Estado de Mato Grosso do Sul, por meio do pagamento da Compensação Financeira da Exploração de Recursos Naturais (Cfem).

As minas em Corumbá estão longe de serem as mais rentáveis para a empresa. O Sistema Centro-Oeste é o que tem o menor volume em extração de minério de ferro diante das outras unidades. Relatório trimestral apontou que 795 mil toneladas foram obtidas em Corumbá, contra 50 milhões no Sistema Norte; 18,6 milhões no Sistema Sudeste; e 12,9 milhões no Sistema Sul.