PESQUISA

Sistema monitora risco de enchentes na capital

Projeto desenvolvido por professores e alunos da UFMS será instalado em 11 bacias e 33 córregos de Campo Grande até o final de 2025

15 JAN 2024 • POR Gerson Wassouf • 08h31
Sensores instalados na Bacia do Prosa, em Campo Grande - Foto: Gerson Wassouf/CBN-CG

Em breve, Campo Grande terá bacias e córregos monitorados para minimizar os impactos das enchentes. O projeto de Pesquisa HidroEX – Extremos Hidrológicos em Múltiplas Escalas está sendo elaborado por professores e alunos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) para mapear esses processos e prever os locais de inundações na capital.

Os estudos precursores sobre o tema foram iniciados em 2017 na universidade federal de Mato Grosso do Sul pelo coordenador, professor Paulo Tarso, com a participação dos estudantes. O objetivo é que o projeto se torne em um sistema de alerta capaz de indicar quais as áreas urbanas serão inundadas e quando, possibilitando que a população desvie do local ou até evacue imóveis. 

"O desenvolvimento desse sistema tem a função de minimizar o impacto, ou seja, antes que o evento ocorra, a sociedade, a Defesa Civil e os gestores públicos recebem um alerta de que um evento vai acontecer e que esse evento vai atingir tal lugar, que o nível de água vai chegar em tal ponto e que, se houver a inundação naquele local, a água vai chegar em tal região. Com essa informação em mãos, a prefeitura e a Defesa Civil tem condições de poder ir naquele local e interditar aquela área, levantar, por exemplo, estruturas para impedir com que a água chegue em determinado local", conta o professor e pesquisador que participa do projeto na UFMS, Thiago Mattos.

A bacia do prosa foi o local onde o projeto começou, por lá foram instalados sensores de nível de água, câmeras e uma estação meteorológica. A bacia é uma das regiões da capital onde ocorre, alagamentos em épocas de chuvas mais intensas. O supervisor de pós venda, Egon Henrique Ferreira, que trabalha em uma loja de revenda de veículos na esquina próximo ao local conta sobre duas situações de transbordamento da água que já presenciou e fala sobre a preocupação dos comerciantes na área.

"Já teve duas situações que eu presenciei. Uma vez a água chegou até dos 4 degraus aqui da escada aqui da frente da loja, os carros estavam com muita dificuldade de passar, alguns carros não passavam. E a segunda vez foi aqui na lateral, na Ricardo Brandão, ali encheu de terra também e ficou cheio de água. Então essas duas vezes eu presenciei que realmente transbordou e ultrapassou o limite da ponte. Sempre quando chove, todo mundo aqui vai dar uma olhada ali para ver o limite da água para se precaver. Mas sempre que chove um pouco mais forte, ou transborda, ou chega bem perto disso", relembra o supervisor.

A Bacia do Prosa é o piloto do projeto, a pesquisa ainda será ampliada para as outras bacias hidrográficas de Campo Grande. Serão ao todo, 11 bacias e 33 córregos monitorados até o final de 2025, com investimento superior à R$ 1 milhão. O projeto é necessário para a capital, que registra constantemente alagamentos em diferentes regiões durante chuvas mais intensas. O professor e pesquisador da UFMS, Thiago Mattos, explica porque as enchentes acontecem.

"Isso é, de certa forma, uma consequência quase que natural da urbanização. Quando você urbaniza demais uma cidade e não tem um sistema de drenagem eficiente, a gente acaba gerando esses problemas, e é o caso de Campo Grande e de inúmeras cidades no Brasil e no mundo. Se você olhar para uma área rural, por exemplo, você vai ver que a água infiltra no solo. Mas quando você olha, por exemplo, para a Bacia do Prosa, você vê que é uma área totalmente ipermeabilizada, não é verdade? Aquela água, que antes infiltrava, não infiltra mais. E ela não só não infiltra, ela também escoa e escoa muito rápido. Então, esses dois fatores, o volume de água maior que nós temos disponível, junto com esse escoamento muito rápido, leva essa água a se concentrar nas locais muito rapidamente e, por consequência, acaba gerando esses eventos", explica o professor.

*Com informações da equipe de comunicação da UFMS