Polícia Militar reforça segurança, mas não assume Unei

Desde terça-feira (3), agentes educadores de quatro, das nove Uneis existentes em MS, cruzaram os braços

5 FEV 2009 • POR Danilo Fiuza • 06h20
Desde terça-feira (3), os agentes educadores de quatro unidades do Estado decretaram greve

O comando da Polícia Militar (PM), em Três Lagoas, anunciou que a segurança externa da Unidade Educacional de Internação (Unei) “Tia Aurora” foi reforçada, no entanto, a corporação não tem a intenção de assumir a Unidade. De acordo com o subcomandante do 2º Batalhão, o major, Wilson Monari, uma viatura foi destinada a ficar sob alerta naquela região, mas sem que o atendimento à população seja prejudicado. “Nós temos um policial militar lá dentro, o que já existia antes, e deixamos uma viatura em rondas pela região. Porém, a nossa prioridade é a população. Este serviço será realizado desde que não resulte em prejuízo ao atendimento da comunidade”, disse. Ele completou que a PM só irá assumir a Unidade, como aconteceu em Dourados, se houver ordem do comando geral – o que, até o fechamento desta edição, não havia ocorrido.
Desde terça-feira (3), agentes educadores de quatro, das nove Uneis existentes no Estado, cruzaram os braços por melhores condições de trabalho e segurança. Segundo a classe, os agentes vinham reivindicando uma série de itens há algum tempo. A paralisação, seguida de protestos, ocorreu cinco dias após o assassinato do agente Luiz Antônio Evangelista Nunes, de Três Lagoas. A greve atingiu em torno de 270 agentes em todo o Estado, cerca de 40 deles, apenas na Cidade.

REFORMA

Na tarde de ontem (4), o diretor da Unei do Município, Mauro Vicente Jerônimo, recebeu a visita de representantes do Ministério Público Estadual. O objetivo era fazer uma vistoria nas instalações da Unidade.
De acordo com Jerônimo, no mesmo dia um engenheiro da Agência Estadual de Gestão e Empreendimentos (Agesul) também esteve no local para avaliação e estudo de reforma. “Se tudo der certo, nesta sexta já inicia a reforma na Unidade. Esta visita foi algo de bom, já que agora será uma reforma maior, com recursos do governo estadual”, completou o diretor. Na reforma, estão previstos pequenos reparos, pintura, troca de portas e troca de parte da tela, rasgada pelos adolescentes.
Além disso, o diretor afirmou que a Agesul também deverá construir uma sala de informática maior para a Unidade. Atualmente, a instituição conta com quatro computadores, mas teria recebido mais dez da Secretaria de Educação que ainda não são usados.
O início das reformas na Unei, por conta da rebelião da semana passada, estava programado para esta semana, porém, de acordo com Jerônimo, culminaram com a paralisação dos agentes. “Foi quando houve um acordo entre Unei, DP [1ª Delegacia de Polícia] e Judiciário para que se mantivesse parte dos internos na delegacia até a conclusão da obra”.
Já em relação à greve, o diretor declarou não apenas respeitar a decisão dos agentes, como também acha louvável a preocupação com a segurança deles e a memória de Nunes. “A paralisação continua. Eles estão dentro do direito deles de lutar por aquilo que desejam. A greve está totalmente dentro da lei”, disse.
Até o momento não há previsão de quando a greve chegará ao fim. Na Unei de Três Lagoas, apenas os serviços essenciais (alimentação, transporte e portaria) foram mantidos. O diretor teve de assumir boa parte destas funções.
Já serviços como banho de sol, visitas, recebimento de entregas aos adolescentes, TV e outros foram suspensos por tempo indeterminado.
Na tarde de ontem, também era esperada a visita do presidente da subsseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), João Penha e representantes do Judiciário. A previsão é que a superintendente das Uneis, Marina Bragança, também venha a Três Lagoas nesta quinta-feira. Atualmente, 14 adolescentes permanecem na Unei. Os outros 15 garotos estão na carceragem do 1º DP.