Bancos brasileiros são mais conservadores, diz Serasa

9 DEZ 2008 • POR Redação • 05h58

Estudo da Serasa Experian, com 40 importantes bancos, os 20 maiores e os 20 maiores médios que, juntos, representam cerca de 90% do mercado, mostrou que os bancos brasileiros são conservadores nas regras de alavancagem de negócios, mas o perfil conservador dos grandes bancos muda para mais arrojado nos médios.Estudo elaborado pela Serasa com os balanços de 40 importantes bancos brasileiros, segmentados em grande e médio porte, demonstrou que a crise financeira mundial encontrou os bancos brasileiros com alta solidez, decorrente da pouca alavancagem nas operações, quando comparado aos internacionais.

Esta alavancagem mostra o nível de operações de crédito em relação ao patrimônio líquido. Em Junho/2008, esta relação era de 3,1 vezes o valor do patrimônio líquido, demonstrando estabilidade nos períodos analisados. Os grandes bancos, no Brasil, têm em média 3,2 vezes, enquanto que os médios bancos têm 2,8 vezes. Nos Estados Unidos, bancos como Merrill Lynch, Lehman Brothers e Goldman Sachs estavam com alavancagem variando entre 24 e 31 vezes o patrimônio líquido.


JUROS


Desde 2003, iniciou-se um processo de redução na taxa básica de juros no Brasil e o crédito iniciou uma trajetória ímpar de crescimento, até a chegada da crise. No entanto, o sistema bancário permaneceu, durante todos esses anos, apresentando um comportamento conservador, se comparado a importantes bancos internacionais, que não conseguiram superar a crise econômica, iniciada nas carteiras imobiliárias. A oferta de crédito, no Brasil, atingiu o topo de 39% do PIB em 2008, demonstrando que o brasileiro está longe de ter sobrecarga de endividamento. O crédito imobiliário não passa de 3% do nosso PIB. Na economia americana, por outro lado, chega-se a 86% do PIB, com prazos de financiamentos de até 40 anos.
Além da solidez, outro fator que merece destaque é a mudança de perfil dos bancos médios. Apesar de ainda não divulgadas todas as demonstrações financeiras de Setembro/2008, os números de Junho/2008 já mostravam que os bancos médios mostravam perda de fôlego, antes da crise, evidenciada pela redução da qualidade dos ativos, aumento do nível de perdas e redução de receitas. Esse quadro já foi atenuado pela venda das carteiras dos bancos médios para os bancos maiores, que a própria crise financeira se encarregou de acelerar. Também é tido como certo uma redução dos ganhos, em todo o sistema, pelo esgotamento da capacidade de financiamento de determinados setores como o automobilístico, cujos fatores impulsionadores como o volume farto de empréstimos e as baixas taxas de financiamento não existem mais.


GOVERNO


Se por um lado havia uma relativa fragilidade nos bancos médios, ela foi revertida pela atuação do Governo Federal com medidas que visam a garantir o pleno funcionamento do mercado e pela atuação dos grandes bancos que souberam aproveitar a oportunidade. Eles alavancaram sua posição no mercado, mediante aquisição das carteiras ou de controle acionário, alicerçados na notória solidez que apresentam, fruto de gestão eficaz nos negócios, aliada à capacidade de gerar e reter resultados quando a economia assim o permitia. Mesmo num cenário de incerteza, com menores taxas de crescimento para os próximos anos, ainda se manterá aquecido o mercado interno brasileiro e o crédito vai continuar impulsionando os negócios.