Terceirizados da Eldorado decretam greve, mais uma vez

Essa já é a quarta paralisação do ano. Representante do Sintricom disse que a greve é ilegal

27 JAN 2012 • POR Claudio Pereira • 07h00
Trabalhadores em frente a Eldorado Brasil, na BR-158

Cerca de oito mil trabalhadores, das empresas Paranasa, Serpal e Montcalm, terceirizadas da Eldorado Brasil, paralisaram ontem em 100% as obras do canteiro por tempo indeterminado. Essa já é a quarta mobilização realizada neste ano. A manifestação foi iniciada por volta das 6h, quando um grupo de aproximadamente 600 trabalhadores passou a impedir a entrada dos demais trabalhadores. Aqueles que já haviam conseguido entrar na empresa foram obrigados a sair. Alguns funcionários da Eldorado, que não quiseram ser identificados, relataram que o grupo estava bastante agitado e que chegou a quebrar vidros de carros e a danificar estruturas das obras.

Ontem pela manhã a movimentação em frente da Eldorado, na BR-158, próximo a Selvíria, era bastante intensa. Os trabalhadores não deixavam ninguém entrar na empresa. Os ônibus que já estavam nas dependências da Eldorado não puderam sair e deixaram parte dos trabalhadores sem transporte para retornar ao alojamento. Alguns decidiram se arriscar e fizeram o percurso a pé. Outros conseguiram carona. Viaturas da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Militar (PM) e Rondas Táticas e Ostensivas do Interior (Rotai) estiveram no local a fim de garantir a ordem e a segurança dos envolvidos. 

Os operários reivindicam melhores salários e condições de trabalho. Sem se identificarem, eles disseram que o transporte que os leva até o canteiro é inadequado, o alojamento onde vivem fica muito longe da cidade e não oferece conforto a eles. A maioria deles é pedreiro ou ajudante. O salário pago a um pedreiro é em média de R$ 1.080. Já o ajudante ganha aproximadamente R$ 800.

SINDICATO
Além de alguns trabalhadores terem sido impedidos de entrar na empresa, os representantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção, Mobiliário e Manutenção Industrial de Mato Grosso do Sul (Sintricom) também foram expulsos do local. Os trabalhadores exigem que a Força Sindical, de Campo Grande, tome a frente das negociações.

De acordo com o vice-presidente do Sintricom, Donizeth Moreira, os operários murcharam os pneus do veículo do sindicato e ainda arrancaram todos os adesivos do carro. Moreira disse ainda que esses operários estavam bastante agitados e que mal quiseram ouvir o que os representantes tinham a dizer. “Já acionamos a Força Sindical. Os representantes chegarão hoje para tentar negociar com eles”, disse.

Moraes adiantou que essa paralisação é ilegal e que o Sintricom não vai lançar um edital. “Algumas das reivindicações deles já foram acordadas na última greve. Houve um acordo coletivo o qual eles aceitaram. Agora, querem reivindicar novamente”, disse. Moraes ainda informou que antes de qualquer paralisação o sindicato deve ser acionado para orientá-los.