Florada de eucalipto "turbina" produção de mel

Três Lagoas conta, hoje, com 40 apicultores que produzem, juntos, 51 toneladas de mel por ano

7 FEV 2013 • POR Reprodução • 08h49
Município produz 51 toneladas de mel por ano

A floresta plantada de eucalipto em Três Lagoas, além de ser matéria-prima para a produção de papel e projetar a cidade como capital mundial da celulose, agora comemora mais uma conquista: a apicultura.  

De acordo com Gustavo Nadeu Bijos, presidente da Federação de Apicultura e Meliponicultura de Mato Grosso do Sul (FEAMS), a região de Três Lagoas é propícia à atividade devido ao plantio de eucalipto que floresce na época em que as floradas silvestres ainda não apareceram. Além dessa vantagem, o clima e a localização estratégica são pontos importantes dentro da cadeia produtiva apícola do local.
Todos esses benefícios têm atraído o interesse de produtores rurais que estão se tornando apicultores. Atualmente, Três Lagoas têm aproximadamente 40 apicultores, porém, este número está em crescimento, segundo a FEAMS. Esses apicultores, juntos, produziram no ano passado 51 toneladas de mel.

Já o estado de Mato Grosso do Sul tem cerca de 700 apicultores com produção anual entre 430 e 650 toneladas. No ranking nacional, o estado ocupa a 12ª posição.

Toda essa produção é comercializada em entrepostos de mel de Mato Grosso do Sul e de outros estados, principalmente São Paulo. Parte da produção também é comercializada diretamente entre apicultor e consumidor.

Atualmente, o preço do quilo do mel pago ao produtor no estado varia entre R$ 4 e R$ 5,30. O mel com certificação orgânica ou com rastreabilidade pode receber 20% a mais desse valor, informou Bijos.

Para o presidente da FEAMS, a apicultura é um excelente negócio para assentados e pequenos produtores. A atividade pode ser um complemento de renda ou até mesmo a renda principal. Tudo depende de como será comercializada a produção. “Em várias áreas, a venda do produto é ponto chave do negócio”, disse.

Em um lote adequado para a implantação da apicultura, segundo Bijos, é possível instalar entre 10 e 20 colmeias. Com esse número, o produtor, se trabalhar corretamente, poderá ter uma renda bruta de R$ 4 mil a R$ 10 mil por ano. 

Bijos informa ainda que como não há necessidade de trabalhar com as abelhas todos os dias, o produtor poderá atender às outras atividades da propriedade sem qualquer problema. Se ele conseguir um canal de vendas como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ou Merenda Escolar, a renda anual pode até dobrar, com o mesmo número de colmeias. “Os preços praticados por essas modalidades de comercialização para produtores da agricultura familiar são diferenciados”, salientou.

O assentado Wilmar Arantes, morador do Pontal do Faia, é um dos três-lagoenses que viu na apicultura uma alternativa para sua pequena propriedade. Desde 2002, investe nesse negócio. Ele conta que suas colmeias já chegaram a produzir 18 toneladas de mel em um único ano. Com essa produção comercializada a R$ 4,50 o quilo, ele faturou (bruto) uma média de R$ 6,7 mil por mês. O assentado conta que sua produção é comercializada com entrepostos de Araraquara e Rio Claro, ambos no estado de São Paulo. 

Para Bijos, a falta do Serviço de Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura, que permite o apicultor vender a produção para qualquer parte do Brasil, é um empecilho para os produtores comercializarem o produto em outras regiões do país e até exportá-lo. Ele explica que para obter essa certificação é necessário possuir um prédio com as adequações necessárias e legais para a implantação de um fluxograma correto do beneficiamento dos produtos aliado às boas práticas de fabricação, o que garante a segurança e qualidade dos produtos que passam pelo entreposto e chegam até o consumidor. Em Três Lagoas, uma empresa privada já possui o SIF: o Apiário Flor da Acácia.

De acordo com Arantes, ele faz parte da Associação Três-lagoense de Apicultura (ATLA), composta por produtores dos assentamentos Pontal do Faia e  20 de Março. Conforme o assentado, a diretoria está se mobilizando para conquistar o SIF. Porém, o primeiro passo é criar uma cooperativa. Essa entidade, depois de constituída, vai receber R$ 659.375,00 para a construção da Casa do Mel. O investimento será custeado em 50% pelo Instituto Votorantim e 50% pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Segundo Bijos, embora a apicultura seja uma atividade rentável, é necessária muita dedicação para alcançar o sucesso. “O que o nosso apicultor ainda necessita é melhorar o seu planejamento e implantar uma sequência clara e objetiva de trabalhos no campo com as próprias abelhas. O Brasil ainda é muito amador em relação aos apicultores de outros países como Argentina, Estados Unidos e Austrália, por exemplo”, frisou.

Confira a matéria completa na edição Nº 5.130, de 7 de fevereiro, do Jornal do Povo.