Trabalhadores ameaçam nova greve na fábrica da Petrobras

Mais de três mil operários devem suspender as atividades de construção da fábrica de fertilizantes

20 FEV 2013 • POR Arthur Freire/JP • 07h51
Comissão de trabalhadores concentrou-se ontem em frente à sede do Sintricom

Os trabalhadores que prestam serviço para o Consórcio UFN 3 prometem cruzar os braços novamente e suspender as obras de construção da fábrica de Fertilizantes da Petrobras. Na manhã de ontem, a comissão que representa os trabalhadores realizou uma assembléia na qual a maioria dos operários decidiu que deveria ser publicado um edital com indicativo de greve, prevista para se iniciar nesta semana.

De acordo com os representantes da comissão de trabalhadores, o consórcio responsável pela obra não cumpriu com o acordo firmado com a categoria no mês passado, quando os operários cruzaram os braços por dez dias. Depois do acordo, que contou com a participação dos sindicatos que representam os trabalhadores, eles voltaram ao canteiro de obras.

Entretanto, segundo Victor Hugo Rodrigues, representante da comissão, o Consórcio UFN 3 não cumpriu com nenhum dos itens acordados com os trabalhadores, com exceção de ter melhorado a condições de um banheiro do alojamento, o qual, de acordo com os operários, não oferece as mínimas condições de abrigá-los.

Ainda segundo a comissão, o consórcio continua não pagando as horas “in itinere” aos trabalhadores. “Quando eles viajam, também a empresa conta o sábado e domingo nos dias a que os trabalhadores têm direito. Além disso, os salários estão vindo com um monte de descontos”, disse Victor Hugo Rodrigues.

DECISÃO
A decisão dos trabalhadores em aderir novamente ao movimento de greve, de acordo com ele, ocorreu após reunião realizada nessa segunda-feira com o advogado do Consórcio, o qual teria dito que as empresas não tinham mais nenhuma proposta para oferecer à categoria.

Diante disso, a comissão procurou o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias da Construção Civil, Imobiliário e Cerâmico (Sintricom) de Três Lagoas para comunicar a decisão de aderir ao movimento de greve, conforme definido em assembleia realizada ontem. A publicação do edital estava prevista para hoje, e de acordo com a lei que trata do assunto, a greve seria iniciada 48 horas depois de o anúncio ser publicado.

“Queremos fazer uma greve correta e pretendemos buscar também o apoio dos representantes da CUT [Central Única dos Trabalhadores] e da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira [Conticom], até porque o sindicato de Três Lagoas [Sintricom] está mais do lado das empresas do que de nós, trabalhadores”, adiantou Rodrigues.

OBRAS
Segundo o trabalhador Adriano Ferreira, que também integra a comissão, essa greve deve atrasar ainda mais as obras de construção da fábrica de fertilizantes, a qual, conforme ele, já está com o cronograma bem atrasado. “E se depender da gente, se a empresa não cumprir com suas obrigações, vai atrasar ainda mais”, disse.

Ele informou que existem aproximadamente 3.500 trabalhadores prestando serviço nessa obra. Na semana retrasada, quando a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, esteve em Três Lagoas, ele disse que a intenção dos trabalhadores era conversar com ela e explicar o que estava acontecendo. Entretanto, segundo ele, o consórcio teria agendado uma reunião com a comissão em Três Lagoas, para que eles não tivessem acesso à presidente da estatal.