A criança, o tablet e a mente em desenvolvimento

Passar o tempo com dispositivos em vez de interagir com as pessoas pode prejudicar as habilidades de comunicação, dizem os pesquisadores

3 ABR 2013 • POR Getty images • 10h37
Uso de equipamentos por crianças divide opiniões

As crianças são naturalmente atraídas para dispositivos que possam controlar com o toque e essa foi uma das grandes imagens promocionais do iPad: não é preciso explicar-lhes nada. A utilização é intuitiva.

Um inquérito de 2011 da Common Sense Media, uma organização americana que se dedica a informar pais sobre os efeitos da tecnologia e dos media, descobriu que 39% das crianças entre os dois e os quatro anos já usaram smartphones e iPads. O diretor-geral e fundador da Common Sense Media, James Steyer, está convicto de que esse número cresceu ao longo deste ano.

Entre pais e peritos, a ideia de dar um tablet a uma criança é um assunto complicado. Há alguns inconvenientes óbvios. Por um lado, são caros, e por outro são equipamentos bastante frágeis.

Mas a ciência ainda não é clara sobre como esse aparelho afeta os mais jovens. Enquanto alguns peritos veem o equipamento como inapropriado para o desenvolvimento, outros encontram alguns benefícios na tecnologia – e não apenas o de ajudar a manter a sanidade dos pais.

O iPad existe desde 2010, por isso não houve tempo suficiente para observar os efeitos a longo prazo nas crianças, observa Michael Rich, diretor do Centro de Media e Saúde das Crianças no Hospital Pediátrico de Boston.

Rich diz que as aplicações nos iPads e smartphones são limitadas como ferramentas de aprendizagem, visto que tipicamente se focam num tipo de aprendizagem por repetição – ensinam as crianças a identificar corretamente o A, o B e o C ou a mugir quando veem uma vaca na tela. “O que é mais importante nesta idade é aprenderem a aprender, em vez de imitarem algo”, argumenta Rich.

 Além disso, estudos mostram que as crianças não aprendem nada de substancial (como uma língua) a partir das telas – seja de televisão, tablets ou computadores – antes dos 30 meses de idade. 

RECOMENDAÇÃO
A Academia de Pediatras Americanos recomenda que os pais não ponham nenhum tipo de tela à frente de uma criança com menos de dois anos.

As crianças pequenas também têm dificuldades em transpor para o mundo tridimensional aquilo que veem em telas bidimensionais.

Para os usuários do iPad ou iPhone, existem muitos aplicativos que ensinam matemática básica, conversão métrica, tempo, dinheiro e frações, geografia, bem como ferramentas para o aprendizado de arte e música. LeapFrog, conhecida por seus jogos e produtos educativos para crianças, apresentou recentemente um tablet para crianças de 4-9 chamado o LeapPad que tem seus próprios aplicativos.

Para crianças em idade escolar, um smartphone ou tablet pode lhes dar uma camada adicional de aprendizagem, além da sala de aula tradicional ou livro. Os smartphone ou tablete proporcionam aos alunos várias oportunidades para acessar o conteúdo e se envolver com o currículo. 

Como em tudo, a chave para usar o iPad em crianças pequenas é moderação, diz a maioria dos peritos. “O que digo aos pais é que há prós e contras”, diz Alisson Mistrett, diretora da Leaps and Bound, pediatria, terapia ocupacional. “Mas se vão fazê-lo, então vejam as histórias e joguem os jogos juntos. Não lhes deem simplesmente e vão  embora”.