Uso de celulares deve ser mediado pelos pais

Novas formas de comunicação influenciam no desenvolvimento das crianças

24 ABR 2013 • POR Redação • 09h35

Esqueça o tempo em que o uso de aparelhos eletrônicos estava restrito ao mundo adulto. Hoje, as crianças despertam para o universo da tecnologia e destacam celulares, smartphones e tablets na lista de desejos. Isso porque boa parte das crianças nasceram já na era digital, conectada, e todos os "gadgets" são parte da sua realidade. 

Quase 20% das crianças brasileiras possuem aparelho celular, segundo estudo divulgado pelo Discovery Kids. A Internet também já entrou para a rotina de pais e filhos. Foi observado que 68% dos pesquisados assistem a vídeos pela internet, normalmente de conteúdo infantil ou musical.

A era do acesso móvel é causa de grande preocupação na hora de colocar um "smartphone" nas mãos de uma criança. A partir do momento em que a rede migra para um dispositivo como esses, a possibilidade de usar a internet sem acompanhamento de um adulto aumenta bastante. A cumplicidade entre pais e filhos, a orientação e a conversa aberta são as melhores formas de manter a segurança dos filhos na navegação.

A psicóloga infantil, Heloísa Guerra, da clínica JG Vita Psicomed, informa que “aos pais sobram dúvidas e ansiedade para decidir qual é o melhor momento para dar o celular ao filho, embora a tecnologia favoreça o aprendizado e ajude a desenvolver uma série de habilidades, seu uso na idade inadequada pode expor as crianças a riscos. Por isso, é necessário que os pais esclareçam qual a utilidade e quais os momentos em que a criança deve utilizá-lo. Se por acaso a criança ainda não tem maturidade e se for passar o fim de semana na casa de amigos ou participar de excursões, enfim, houver uma necessidade, é melhor emprestar um aparelho à criança. O aparelho pode propiciar uma relação inadequada entre os pais e a criança, pois pode servir como instrumento para os pais controlarem os filhos a todo o momento, favorecendo a própria insegurança deles. Numa fase em que a criança precisa estar sem os pais, em certos ambientes como na escola, na casa de amigos, a insegurança dos pais pode prejudicar a autonomia de seus filhos.”

Além dos pais, os professores também são indispensáveis para mostrar a eles quais são as possibilidades, os limites e o lado educativo a ser explorado em cada plataforma.

Nas escolas, observa-se nos alunos uma grande disposição para a utilização de computadores, ipods, celulares e as específicas funções de que esses aparelhos dispõem. Os alunos as reconhecem rapidamente e as utilizam de maneira simultânea. Enquanto a escola não se apropriar da utilidade desse aparato tecnológico, ele a invadirá e, inclusive, comprometerá a finalidade dessa tecnologia quanto ao ensino e aprendizagem. O prejuízo é observado quando os alunos se distraem em salas de aula acessando internet, ouvindo músicas, fazendo ou recebendo ligações etc.

Para alguns pais, é o meio mais eficaz para monitorar a trajetória dos filhos. No entanto, sem orientação devida, tem sido motivo de muitas reclamações de dirigentes de estabelecimentos de ensino.

Heloísa Guerra informa que o uso do celular pode se tornar um vício, principalmente quando a criança ou o adolescente deixa de realizar suas atividades habituais, como tomar banho, escovar os dentes, se alimentar, para ficar o tempo todo “vidrado” no aparelho. Além desse comprometimento, há ainda o prejuízo social, pois a pessoa passa a preferir relações não presenciais, ou seja, prefere se relacionar com as outras pessoas somente através desse meio tecnológico.

As crianças que têm televisão no quarto e telefones celulares se saíram pior em um teste de leitura, segundo um estudo divulgado pela Fundação Nacional de Pesquisas em Educação (Reino Unido).

A pesquisa, divulgada no final do ano passado, dá um enfoque local ao levantamento PRIS 2011, que comparou a capacidade de leitura e atitudes em relação a esse hábito. Foram consideradas crianças entre 9 e 10 anos em 49 países.

 Outra pesquisa realizada pela Duracell, também na Inglaterra, mostra que 54% das crianças preferem celulares a carrinhos, bonecas e pelúcias. A pesquisa foi realizada com 2.138 crianças de 5 a 16 anos e concluiu que 54% dos entrevistados querem produtos tecnológicos de presente. Com 14% de preferência, o celular é o item mais desejado. 

Os riscos para a saúde decorrentes do uso de celulares têm sido alvo de vários estudos científicos. Até o momento, a maioria tem tido resultados inconclusivos. A preocupação surge de uma maior exposição às radiações dos celulares e à possibilidade de provocarem a destruição da estrutura do material biológico. Outra questão é o fato de as crianças serem consideradas mais sensíveis aos efeitos adversos na saúde do que os adultos. Ou seja, é possível, adiantam alguns especialistas, que os mais novos enfrentem uma maior vulnerabilidade às radiações já que o seu cérebro se encontra em desenvolvimento e a absorção de energia pelo tecido adiposo é maior. Isso não só porque a cabeça é menor, mas também porque a radiação penetra mais facilmente numa caixa craniana mais fina.

Quem conseguir ouvir bem deve procurar manter o celular o mais afastado possível do ouvido. Por outro lado, deve procurar alternar entre o ouvido esquerdo e o direito. Afaste-se dos outros quando fala. Tenha sempre o celular com a carga máxima, pois com carga baixa emite mais radiação.