Irregularidades

Delcídio cita UFN 3 em delação premiada

Fiscalização do TCU apontou irregularidades em adiantamento de pagamentos a empreiteiras da obra

19 MAR 2016 • POR Ana Cristina Santos • 08h56
Delcídio apontou possíveis irregularidades em contratos da Petrobras com empreiteiras em várias obras - José cruz/Agência Brasil

A delação premiada do senador Delcídio do Amaral (sem partido),  homologada pelo Supremo Tribunal Federal, citou possíveis irregularidades na construção da fábrica de fertilizantes da Petrobras, em Três Lagoas, a UFN 3. A citação foi feita em relato de possíveis fraudes envolvendo as operações para exploração e produção de petróleo e gás na estatal brasileira. 
Segundo Delcídio, “é comum no mercado” a manipulação dos “spreads” nessas operações de financiamentos, em que parte dos recursos são desviados para a formação de Fundos de Investimentos no exterior.

Ainda de acordo com a delação, o senador teria ainda conhecimento que, em grande parte das operações envolvendo interesses chineses no Brasil, o protagonista seria Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio Brasil/China.  Segundo Delcídio, Tang teria uma relação muito próxima com ex-ministros, como José Dirceu, Erenice Guerra, Antônio Palocci e Silas Rondeau - citado por Delcídio como um dos “arquitetos das operações de propinas”. Todos negam. Rondeau foi ministro  de Minas e Energia do governo de Luís Inácio Lula da Silva, em 2007. Ele é investigado por fraudes na construção da Usina Belo Monte, no Pará.

Entre as operações envolvendo Tang e os ex-ministros destacou a usina termelétrica a carvão de Candiota, no Rio Grande do Sul, a construção de estaleiros, contratos com a Sinopec Petroleum, entre eles, o da construção da fábrica de fertilizantes em Três Lagoas, entre outros.

TRIBUNAL DE CONTAS
As obras da fábrica passaram por fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU). De acordo com o TCU, a principal constatação da auditoria foi adiantamento de pagamentos sem garantias contratuais. O volume de recursos fiscalizados alcançou a R$ 3,1 bilhões. Neste total, está considerado o valor do contrato  e aditivos.

Neste caso, identificou-se o pagamento de bens e serviços de R$ 155 milhões, sem garantia específica que resguardasse a Petrobras. Cerca de R$ 3,5 bilhões foram investidos na construção, parada desde dezembro de 2014, quando a estatal rompeu o contrato com o Consórcio UFN 3, formado pela brasileira Galvão Engenharia e Sinopec, da China. Trabalhadores e fornecedores que prestaram serviços para o consórcio não receberam pagamento até hoje.