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O Brasil da Odebrecht

Leia o editorial da edição deste sábado (4) do Jornal do Povo

Por Redação
04/03/2017 • 09h41
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Demorou, mas o Marcelo começou a revelar o Brasil que ele comandava há muito tempo. O que ele decidiu compartilhar através de delação premiada com a justiça, começou a abalar ainda mais o meio político. O aperitivo da semana já demonstra bem o quanto a família Odebrecht comandava nossas vidas sem que, ao menos, soubéssemos quem eram. Marcelo era, até bem pouco tempo, o homem que determinava caminhos a serem seguidos pelos políticos que elegíamos Brasil afora. Os Odebrechts exerciam fascínio e total controle sobre nossos representantes. Um poder pago com dinheiro público.


Marcelo Odebrecht que está preso desde junho de 2015. Entre os envolvidos nos escândalos de corrupção envolvendo políticos de diversos partidos e bilhões de dólares em recursos desviados, é o único que realmente tem a capacidade de promover estragos incalculáveis no meio político nacional. É que além dele, um time de quase 80 executivos da Odebrecht, também fizeram acordos de delação premiada. São acordos que podem revelar escândalos ainda maiores que os já expostos ao Brasil e ao mundo.


As consequências de tanta informação sobre desvios de dinheiro público podem é claro, provocar novos estragos na tão combalida economia brasileira. O problema é que dificilmente o juiz Sérgio Moro deixará de aplicar as punições, determinar prisões e ou condenações, por conta dessa possibilidade. Se o país vive dias de extrema fragilidade muito disso é por conta da cultura corrupta que se implantou na república sem que houvesse rigor no controle da coisa pública. A tempos o Brasil vem sendo comandado por homens desconhecidos e sem qualquer compromisso com o país. Talvez nunca saberemos exatamente qual o tamanho do rombo provocado pelos desvios nos mais diversos setores do governo, mas é provável que possamos conhecer melhor os homens e as ferramentas que permitiam a abertura dos cofres públicos.


Se o Brasil sairá melhor desse desastre, não se sabe, mas é provável que as ações promovidas pelo Juiz Sérgio Moro com o apoio do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, consigam chamar ao menos a nossa atenção para os riscos de se eleger homens desprovidos de ética e de compromisso com a coisa pública. Se toda essa crise e se todos os transtornos provocados e que ainda irão promover estragos no meio político e econômico servir para elevar a percepção do povo brasileiro em relação à necessidade de se escolher bem seus representantes, talvez o atraso a que estamos sendo submetidos possa estar valendo a pena. Mas isso só o futuro irá dizer. Por enquanto é bom ficar de olho nas manchetes. O pior ainda pode estar por vir.

 

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