A China estaria antecipando compras para o ciclo 2025/26 na Argentina e no Uruguai. Pode demandar cerca de 10 milhões de toneladas no período. Este valor é mais que o dobro da média anual somada desses dois fornecedores. De acordo com traders citados no programa, aproximadamente 2,5 milhões de toneladas já estariam reservadas para embarques entre setembro e maio. Há tendência de aumento desse volume nos próximos meses.
Historicamente, a China adquire algo em torno de 4,5 milhões de toneladas por ano ao somar Argentina (cerca de 3,3 mi t) e Uruguai (1,2 mi t). Esta é a média dos últimos cinco anos. Se o número de 10 milhões se confirmar, haverá um acréscimo de 5,5 milhões de toneladas frente ao usual. Isso tende a comprometer parte da soja dos EUA mesmo diante de possíveis acordos a partir de novembro.
Impacto no Uruguai e Ambiente Externo
No caso uruguaio, a projeção para 2025/26 indica produção em torno de 3,1 milhões de toneladas e exportação de 2,9 milhões. Cerca de 80% desse volume costuma ir direto para a China — algo próximo de 2,3 milhões de toneladas. O restante dos 10 milhões especulados recairia sobre a Argentina. Isso elevaria substancialmente a fatia do país vizinho no abastecimento chinês do próximo ano comercial.
O ambiente externo segue sensível a sinais políticos e comerciais. Na virada da semana, a frustração com uma agenda de conversas nos EUA levou a soja em Chicago a cair mais de 1% no pregão de terça-feira. Anteriormente, operou entre -1,4% e -1,5%. Em paralelo, analistas também monitoram o contexto geopolítico recente envolvendo a China — que ganhou holofotes durante eventos comemorativos com a presença de líderes de Rússia e Coreia do Norte. E observam os reflexos disso no comércio agrícola global.
Reordenamento do Mercado para o Brasil
Para o Brasil, o adiantamento das compras chinesas no Cone Sul muda o tabuleiro de competição com a soja norte-americana. Também tende a reordenar janelas de demanda ao longo de 2025/26. Caso se confirme o apetite de 10 milhões de toneladas na dupla Argentina–Uruguai, parte da necessidade da China já estaria coberta. Isso aconteceria antes do pico de oferta dos EUA, influenciando prêmios, bases e o ritmo de fixações nas próximas semanas.