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CAVALO PARAGUAIO!

Soja dos EUA perde fôlego; janela de demanda chinesa pode favorecer Brasil

Colheitadeira em lavoura de soja com grãos sendo descarregados em graneleiro
Relatório semanal aponta 64% da soja dos EUA em boas/excelentes condições, com queda de um ponto percentual. Foto: Gerada por IA

O relatório semanal de condições de lavoura dos Estados Unidos, fechado no domingo e divulgado na segunda-feira, apontou 64% das áreas de soja em boas ou excelentes condições, queda de 1 ponto percentual. À primeira vista, o número segue positivo e sugere colheita volumosa no segundo maior produtor do mundo. Entretanto, em mercados de alta complexidade, variações marginais costumam reprecificar expectativas. Isso ocorre sobretudo na transição para a safra 2025/26.

No Agro é Massa, destacou-se que, mesmo com a pequena piora, a entrada de um grande volume da soja norte-americana continua no radar. Isso tende a influenciar curvas de preço no curto prazo. Contudo, uma peça geopolítica permanece decisiva: o acordo comercial EUA–China. Enquanto ele não se desenha, Brasil, Argentina e Paraguai tendem a ganhar espaço na originação. A avaliação do programa pondera que, entre outubro e novembro, a China deverá comprar 15 a 18 milhões de toneladas. Isso amplia a probabilidade de janelas de embarque fora dos EUA, especialmente se o timing do acordo escorregar.

Impacto do acordo comercial EUA-China no mercado de Soja

Foi lembrado que há pressão doméstica sobre a agenda comercial norte-americana. O setor rural dos EUA, base relevante de apoio político, tem interesse em escoar soja para a China. Se a recomposição do fluxo ocorrer entre outubro e novembro, parte da demanda chinesa pode voltar ao Golfo e ao Noroeste Pacífico. No entanto, se atrasar, exportadores do Cone Sul tendem a capturar fatias adicionais. Assim, a disputa por market share se concentra menos em volume absoluto — que seguirá elevado — e mais em calendário, prêmio e logística.

Cenário no Mato Grosso do Sul

No Mato Grosso do Sul, o reflexo aparece nas cotações locais que o ouvinte acompanha no dia a dia. Houve estabilidade com leve oscilação: em Chapadão do Sul, a soja ficou em R$ 122,50/saca (-0,15%). Já em Cidrolândia, avançou para R$ 126,61/saca (+0,65%). Em Maracaju, marcou R$ 124,85/saca. Os números indicam um mercado sensível a notícias externas e, ao mesmo tempo, ancorado por fundamentos internos — câmbio, prêmios e disponibilidade logística.

Fatores Externos e a Competitividade na Originação de Soja

Além disso, a conversa no estúdio recordou um ponto pouco explorado fora da imprensa especializada: o impacto de decisões políticas externas sobre contratos agrícolas. Quando preço, demanda e diplomacia se entrelaçam, a rota de embarque mais competitiva vence — e, nesse jogo, tempo é prêmio. Para originações brasileiras que operam no Centro-Oeste, a combinação janela China + dólar + prêmio pode encorpar negócios, desde que frete e capacidade logística estejam calibrados.

Em síntese, o volume americano continua robusto. Entretanto, microvariações na condição das lavouras e macrovariáveis comerciais definem a briga de calendário. Enquanto a China se aproxima do seu pico de compras e o acordo permanece incerto, ganhos táticos tendem a surgir. Isso ocorre para quem tiver grão disponível, logística ajustada e agilidade comercial.