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Alarmante

Com leitos disponíveis, prefeitura não encaminhou pacientes que foram a óbito por covid

Geraldo Resende acendeu alerta sobre uso dos recursos repassados à gestão de Campo Grande durante a pandemia

Geraldo Resende acendeu alerta sobre uso dos recursos repassados à gestão de Campo Grande durante a pandemia - Foto: isabelly Melo/CBN
Geraldo Resende acendeu alerta sobre uso dos recursos repassados à gestão de Campo Grande durante a pandemia - Foto: isabelly Melo/CBN

Conforme o secretário de estado de saúde, Geraldo Resende, há uma relação de 195 pacientes entre 2020 a 2021 que foram a óbito em UPAS e CRS na capital sem ter acesso a leitos de UTI. “Esse ano também tivemos alguns óbitos em unidades de saúde de Campo Grande – 10 no total –, tanto UPAS como CRS, que poderiam ter acessado leitos no interior do estado”, denunciou.

Em entrevista à CBN Campo Grande na manhã desta quarta-feira (09), Resende disse que uma parcela significativa de pacientes que foram encaminhados para leitos de UTIs no interior de MS e em outros estados conseguiram preservar as suas vidas.

Nos últimos dois anos, segundo o secretário, o governo do estado aplicou mais de R$60 milhões, computada a parceria para a construção de leitos de UTI em hospitais filantrópicos e privados na capital. “Na maioria das vezes (esse repasse) não é informado pelo município de Campo Grande”, declarou.  Além do repasse em dinheiro, o secretário ressaltou que foram entregues insumos às unidades hospitalares da capital, desde EPIs a equipamentos para montagem de leitos de UTIs. Apesar dos repasses, Resende destacou que houve demora no atendimento à população.

“Em determinados momentos nós tivemos que recorrer a outros estados para atendimento da população do MS, e a gente viu que o município poderia ter encaminhado pacientes da capital e nos causou espanto verificar que o estado de Rondônia, de São Paulo, São Bernardo dos campos nos ofertou leitos o município se negou a mandar esses leitos e acredito que nós poderíamos ter salvo vidas preciosas”, disse.

Neste ano Mato Grosso do Sul saiu de sete para 17 municípios com leitos de UTI, com adição em Paranaíba, Coxim, Naviraí e Amambaí, que não tinham nenhum leito anteriormente. “Seguramente poderíamos ter encaminhado pacientes para esses municípios para que eles pudessem minimamente ter condições de acessar um leito, não sabemos o estado de saúde, se eles poderiam ter evitado os óbitos”, finalizou.

O secretário destacou ainda a gestão do Hospital Regional, centro de referência para atendimento de pacientes covid durante a pandemia, que ficou exclusivamente a cargo do governo estadual sem contrapartida da prefeitura de Campo Grande.

“O município se quer encaminhou um real no custeio, que gira em torno de R$30 milhões por mês. Se considerarmos isso desde 2020, o estado tem cifras enormes disponibilizadas a população de Campo Grande e dos municípios que referenciam a capital”.

Pré-candidato ao cargo de governador, o prefeito de Campo Grande, Marcos Trad, na visão do secretário pode ter tomado algumas decisões pensado na disputa política. “Não sei se já tinha alguma definição de processos de disputas eleitorais, onde isso poderia ser debatido, mas eu acredito que a vida é mais importante do que qualquer processo eleitoral”, pontuou.

Confira a entrevista completa:

Em reposta a prefeitura disse que, “Campo Grande tem sido referência no atendimento a pacientes com Covid-19 em todo o estado, absorvendo a demanda de pacientes do interior, mesmo sendo eles de macrorregiões que não a da Capital. Durante o pico dos casos e de internações, em 2021, houve um incremento no total de leitos aumentou em mais de 200%, chegando a 333 leitos na cidade. Neste período, conforme portaria do próprio Ministério da Saúde, as UPAs e CRSs de Campo Grande estavam autorizadas a prestarem atendimentos de suporte ventilatório pulmonar – enquadrados em leitos de UTI -, uma vez que contavam com respiradores e demais equipamentos necessários, além equipes multiprofissional, desta forma, os pacientes que estavam lá internados recebiam os mesmo cuidados daqueles passaram por atendimento hospitalar, não havendo desassistência a nenhum deles.

Desde o início da pandemia, as equipes de saúde da Sesau tem trabalhado exaustivamente para evitar perdas de pacientes,contando, além da mão de obra e conhecimentos qualificados, com uma estrutura física reforçada, ampliando também o número de servidores e profissionais nestes locais.O atendimento prestado nas UPAs e CRSs é de eficiência inquestionável e que os profissionais que lá atendem são extremamente qualificados, não faltando assistência a nenhum paciente que foi nestas admitido na unidade.”

*Matéria atualizada às 7h26 de quinta-feira (10), exato momento em que nossa equipe recebeu nota retorno da prefeitura.