Veículos de Comunicação

Protesto

"Pra onde vai nosso dinheiro", diz acadêmica de Medicina sobre preço de mensalidade

Valor abusivo e até falta de "peça cadavérica" para estudos de anatomia, são apenas algumas das reivindicações de estudantes

Mensalidade do Curso de Medicina sem descontos, pode chegar até R$ 14,5 mil - Foto: Thais Cintra
Mensalidade do Curso de Medicina sem descontos, pode chegar até R$ 14,5 mil - Foto: Thais Cintra

Com mensalidades que superam R$ 14,5 mil, acadêmicos do curso de Medicina da Uniderp em Campo Grande, questionam preço, considerado exorbitante, além de melhorias na estrutura. Durante manifestação em frente à universidade nesta segunda-feira (28), cerca de 260 estudantes elencaram uma série de problemas que seriam recorrentes. Até a falta de peça cadavérica que auxilia nos estudos de anatomia foi citada. “Quando você vê o cadáver é muito melhor para aprender, porque você sabe a posição anatômica, sabe como é a estrutura que está olhando. A teoria é ótima, mas a gente precisa da prática. Então assim, dá vergonha de estudar numa faculdade onde a estrutura é precária. Pra onde está indo o nosso dinheiro?”, diz a acadêmica do 4º semestre de Medicina, Sâmia Milan Simões de 30 anos.

Segundo os acadêmicos, a lista de reclamações é extensa e vem desde antes da pandemia. Um dos representantes da comissão organizadora da manifestação, Gustavo Andrade Girardi (20), pontua que todo ano, há reajuste no preço da mensalidade. "O Fies cobre um teto de até R$ 7 mil e o aluno paga o resto. Quando entramos na faculdade fizemos um acordo direto com a Caixa Econômica Federal, porém, o último aumento foi de R$ 1.600,00 e isso causa muita evasão. Se pagamos em dia, a mensalidade sai por R$ 14.500,00", explica.

Ainda de acordo com o acadêmico, de 2021 até o momento, mais de 20 alunos pediram transferência para outras faculdades. "Era pra ser uma das melhores universidades do Brasil e a gente não tem nem o básico do básico. O preço alto da mensalidade causa a evasão de muitos alunos, inclusive do Fies. A gente não vê funcionário de limpeza, a faculdade não faz manutenção, é ar condicionado que não funciona, laboratório e slides de péssima qualidade. O problema vai de falta de água gelada nos bebedores a teto com forro de isopor furado”, pontua.

 A equipe de reportagem da Rádio CBN Campo Grande entrou em contato com a organização educacional Kroton, que administra a Uniderp e em nota, a universidade informou o seguinte:

"O valor da mensalidade escolar para o aluno ingressante em 2022 se mantém em patamar muito similar ao praticado para o ingressante em 2017 para o curso de medicina. Referente ao FIES, a situação foi decidida em juízo, comprovando que a Uniderp cumpre a legislação estabelecida pelo Governo Federal e cobra adequadamente os valores previstos.

Com relação às questões estruturais, a instituição esclarece que oferece todo o suporte necessário e que já reviu seus procedimentos internos para resguardar que sempre haja insumos para a execução das práticas. A Uniderp informa ainda que está realizando diversas obras de expansão e modernização na estrutura, com a entrega prevista para 15/04/2022", finaliza o documento. 

Confira a lista completa de reivindicações

1 – Ajustar o valor da mensalidade do curso de medicina Uniderp conforme a estrutura fornecida aos alunos, retornando, portanto, a um valor pagável e que resguarda a dignidade do aluno do curso de medicina;

2 – Realocar todos os estudantes que estão pagando dependências para módulos de aplicação especiais, restringindo, assim, o número máximo de alunos por tutoria para 8, de forma não prejudicar a qualidade de tal cenário;

3 – Disponibilizar três (03) canetões cada um de uma cor, sendo 01 vermelho, 01 azul e 01 preto, em cada sala de tutoria do curso de medicina Uniderp;

4 – Melhorar a qualidade da estrutura dos laboratórios de anatomia e histologia, fornecendo, também, peças biológicas reais, em complemento as peças de acrílico do laboratório morfofuncional, além de lâminas histológicas em maior quantidade, qualidade e diversidade;

5 – Realizar reparo ou troca de todos os projetores Datashow que estejam antiquados e gerando uma imagem de péssima qualidade, com embaçamento, que inviabiliza a observação dos slides em aula, não apenas no CEMED, mas em todas as salas de aula de que o curso de medicina Uniderp se utiliza;

Acadêmicos paralisaram faixa de pedestre em frente à Uniderp na avenida Ceará Acadêmicos de Medicina durante manifestação agora à tarde 

6 – Fornecer computadores de boa qualidade, que suportem o processamento de slides em Power point, a fim de que sejam substituídos os computadores que possuem Windows XP ou 7, para computadores mais eficientes que não comprometam a dinâmica da aula;

7 – Revisão das dívidas dos alunos matriculados no Fies, que recebem cobranças incessantes quanto a valores não reconhecidos por eles; 7.1- Cobranças provenientes da própria administradora Kroton, uma vez que o contrato de coparticipação do Fies é firmado com a Caixa Econômica Federal, de tal forma que torna tais cobranças incoerentes; 7.2- Mudanças unilaterais provenientes da instituição educativa, quanto a porcentagem financiada pelo Fies.

8 – Criação de um ambiente específico onde os alunos possam realizar estudos independentes dentro da universidade, com estrutura adequada (mesas, cadeiras, iluminação, arcondicionado, banheiros, internet) para que as aulas dentro do laboratório morfofuncional não sejam prejudicadas pela movimentação e barulhos dos alunos e nem o estudo dos alunos seja atrapalhado pelas aulas;

9 – Disponibilização de rede Wi-fi de qualidade para os alunos, pois, a rede dentro das dependências do Cemed, é de baixa qualidade;

10 – Diminuição dos valores exorbitantes para alunos em dependência, valores que já sofreram aumento de mais de mil reais e não refletem os gastos por aluno dentro do módulo;

11 – Redução do número de alunos admitidos semestralmente pela instituição, que hoje já passa de 200 novos discentes por período, número este inadequado para os recursos, tanto humanos, quanto físicos, disponibilizados pela universidade, reduzindo assim, a qualidade do conhecimento transmitido;

12 – Contratação de mais um(a) profissional para o cargo de secretário(a), assim como treinamento. Isto porque percebe-se a insuficiência de apenas uma pessoa para as demandas de tantos alunos;

13 – Melhor estrutura dos ambulatórios do Cemed, pois atualmente não há disponibilidade de sabonete em alguns ambientes em que o uso dele se faz imprescindível como estudamos nos módulos de Habilidades Médicas; 14- Melhorar a estrutura de banheiros e bebedouros dentro do Cemed e nos outros blocos utilizados pelo curso, pois não há disponibilidade de sabonete, portas não fecham, além de estarem sempre encardidos.