
Moradores de favelas de Campo Grande lotaram a Câmara Municipal na manhã de sexta-feira (14) para cobrar a regularização das áreas onde vivem. Representantes de diversas comunidades relataram falta de estrutura, risco constante durante as chuvas e insegurança sobre o futuro das famílias.
Atualmente, a capital tem 62 favelas, onde vivem cerca de 20 mil famílias, segundo o vereador Landmark, que propôs a audiência. “Regularização já” foi o pedido repetido nas falas de lideranças comunitárias.
Relatos de barracos destelhados, crianças doentes e medo durante os temporais marcaram o encontro. Daniele da Silva, da Comunidade Nova Esperança José Teruel, disse que 15 casas foram destelhadas na última semana. “As mães correram com os filhos sem ter para onde ir”, afirmou.
Na Cidade dos Anjos, com cerca de 150 famílias, a situação não é diferente. “Quando chove, árvore cai, barraco alaga. A lona não segura o sofrimento”, disse a líder Renata Amarilha.
As falas também mostraram iniciativas locais, como na Comunidade Agro Campão Orgânico. “Era um lixão e hoje sustenta famílias com hortaliças, galinhas e ovos”, contou Emilia Aparecida Diniz, que destacou o papel das mulheres e mães solo no trabalho rural.
A Homex, considerada a maior favela de Mato Grosso do Sul, está em processo de regularização, mas ainda enfrenta precariedade. “Título provisório não segura telhado”, resumiu Alexandra de Lima.
Além dos relatos, foram anunciados R$ 47,8 milhões do PAC Periferia Viva para obras no Loteamento Novo Samambaia, incluindo drenagem, asfalto e ampliação de escola. A bancada federal deve destinar mais R$ 150 milhões para habitação no Estado.
Os moradores pedem pressa. Sem regularização, muitas áreas continuam sem acesso a água encanada, energia e serviços básicos. “Moradia digna passa primeiro por existir no mapa”, disse a vereadora Luiza Ribeiro, defendendo a liberação de serviços mesmo antes do título definitivo.
A Câmara discutiu ainda mudanças legais para acelerar os processos e criar um rito específico para regularização das áreas ocupadas. A Prefeitura lançou recentemente o programa Sonho Seguro, com previsão de entregar 10 mil títulos.
Representantes do Governo Federal, da Defensoria, OAB, Defesa Civil e movimentos sociais acompanharam o debate.