RÁDIOS
Três Lagoas, 02 de maio

Eldorado é alvo de nova operação da PF

Eldorado e a JBS são acusadas de terem pago R$ 10 milhões por meio de contratos fraudulentos para organização criminosa

Por Ana Cristina Santos
13/05/2017 • 07h54
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A Eldorado Brasil e a JBS, empresas controladas pelo grupo J&F, são acusadas de envolvimento em negociações ilegais que acabaram permitindo ao grupo, a obtenção de incentivos fiscais por parte do governo do Mato Grosso do Sul. As empresas são suspeitas de envolvimento em um esquema de corrupção que reunia empreiteiras locatárias de máquinas de obra rodoviária, mesmo elas não atuando neste segmento. Segundo a denúncia, a Eldorado e a JBS participavam com contratos fictícios de aluguel de máquinas em troca de isenção fiscal. As informações foram divulgadas a Polícia Federal, Controladoria Geral da União e a Receita Federal, que deflagraram na manhã de quinta-feira (11), a 4ª fase da Operação Lama Asfáltica, denominada Máquinas de Lama.

A sede da Eldorado Brasil, em Três Lagoas, foi um dos alvos da operação. Documentos foram apreendidos no local pela equipe da Polícia Federal da cidade. A Eldorado e a JBS são acusadas de terem pago R$ 10 milhões por meio de doações de campanha e contratos fraudulentos a uma organização criminosa composta por servidores do governo estadual e empresários.

Segundo o delegado da Polícia Federal, Cleo Mazzotti, 20% do montante financeiro que as empresas deixaram de recolher em impostos, eram repassados aos integrantes dessa organização. A propina teria sido paga por meio de empresas, doações de campanha, lavagem de dinheiro e aluguel fictício de maquinários das empreiteiras envolvidas no esquema.

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O termo de isenção fiscal entre as empresas e o governo do Estado, foi assinado na gestão do ex-governador André Puccinelli (PMDB) que, segundo a Polícia Federal, também teria sido um dos beneficiários dos recursos. Além da JBS e da Eldorado, outras empresas de obras e serviços também se envolveram nas negociatas. “Entendemos que o ex-governador sabia da propina e, quanto ao direcionamento, não era diretamente para ele, mas para pessoas e empresas, sendo ele um dos principais gerenciadores na obtenção dessa propina”, afirma o delegado.

Puccinelli, inclusive, foi detido e depois de prestar esclarecimentos e fazer um acordo, foi liberado e passou a usar uma tornozeleira eletrônica como medida cautelar alternativa à prisão. Também foi arbitrada fiança de R$ 1 milhão ao ex-governador. 

MÁQUINAS DE LAMA

De acordo com PF, esta nova fase da investigação decorre da análise dos materiais apreendidos em fases anteriores, cotejados com fiscalizações, exames periciais e diligências investigativas, as quais permitiram aprofundar o conhecimento nas práticas delituosas da organização criminosa.

Segundo a polícia, restaram ratificadas as provas de desvios e superfaturamentos em obras públicas, com o direcionamento de licitações e o uso de documentos ideologicamente falsos a justificar a continuidade e o aditamento de contratos, com a conivência de servidores públicos.

As investigações demonstraram que estas negociações eram, em sua maioria, fictícias, com o único propósito de aparentar uma origem lícita aos recursos financeiros. Em virtude desta estratégia, esta fase da operação foi batizada de Máquinas de Lama.

As fraudes em licitações, superfaturamentos em obras públicas e pagamento de propinas podem ter provocado um prejuízo de R$ 150 milhões aos cofres públicos.

OUTRO LADO

A reportagem não conseguiu falar com a assessoria de Puccinelli. Em nota, a Eldorado confirma que a Polícia Federal realizou busca e apreensão em suas dependências em Três Lagoas. A companhia diz que está segura de que a questão será esclarecida e afirma que todas as suas atividades são realizadas dentro da legalidade. “A empresa se mantém a disposição para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais”.

INVESTIGADA

Além da “Lama Asfáltica”, a Eldorado é alvo de mais três investigações da Polícia Federal, Greenfield, Sépsis e Cui Bono. As operações investigam possíveis fraudes em fundos de pensão de estatais. 

Nesta sexta-feira (12), o empresário Joesley Batista, ex- presidente do conselho de administração da Eldorado, foi alvo de um mandado de condução coercitiva da Operação Bullish, deflagrada ontem pela Polícia Federal, que investiga fraudes e irregularidades em aportes concedidos pelo BNDES, através da subsidiária BNDESPar, a uma grande empresa do ramo de proteína animal. Os aportes, realizados a partir de junho de 2007, tinham como objetivo a aquisição de empresas também do ramo de frigoríficos no valor total de R$ 8,1 bilhões.

Em março deste ano, a Justiça Federal determinou o asfaltamento de Joesley do conselho de administração da Eldorado.

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