
A sessão desta terça-feira, 4 de novembro, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) foi marcada por um confronto direto entre os deputados Pedro Kemp (PT) e Coronel David (PL). O estopim foi a Operação Contenção, realizada em 28 de outubro, nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. A operação deixou 121 mortos, entre eles quatro policiais.
Ao abordar o tema na tribuna, Pedro Kemp defendeu que o enfrentamento ao crime organizado “precisa ser feito de forma responsável” e criticou a “fila de corpos estendidos no chão”, que, segundo ele, projeta uma imagem negativa do Brasil no exterior.
Na sequência, Coronel David pediu aparte e questionou a experiência do petista na área, afirmando que ele tratava a segurança pública como “conversa de esquina”. O comentário elevou a temperatura. “Não baixa o nível, deputado”, reagiu Kemp, informando que não concederia mais a palavra. Por decisão da presidência, porém, o direito de fala foi mantido a David. Assim, o presidente Gerson Claro (PP) interveio para organizar os apartes e conduziu a sessão diante dos ânimos exaltados.
Em coro com Kemp, o ex-governador Zeca do PT criticou o tom do colega: “Aparte tem limites; não pode ser desaforo.”
Ao retomar a palavra, Coronel David sustentou que “faltou conhecimento” a Kemp para discutir tema “tão complexo”. Ele defendeu a operação: “Foi planejada por mais de um ano; foram cumpridos mandados de busca e apreensão determinados pela Justiça do Rio de Janeiro.” Kemp insistiu no contraponto:
“Não é bonito isso estampar para o mundo inteiro. O crime organizado tem que ser enfrentado com planejamento, inteligência e integração das polícias.” Além disso, ele chamou de “politicagem” a reunião de governadores de direita, entre eles Eduardo Riedel (PSDB), após a operação.
O embate descambou para o campo ideológico. David arrematou: “A esquerda gosta de bandido; a esquerda não gosta de polícia.” Kemp retrucou: “Esse é um debate raso. A direita gosta do bandidão.” Na avaliação do petista, os “tubarões” do crime “não estão nos morros”, mas em “apartamentos e mansões luxuosas”. Em discussões anteriores, Kemp já havia citado a Operação Carbono Neutro, deflagrada em agosto com 350 alvos e cumprida sem mortes. Ele apresentou esta operação como exemplo de ação focada em inteligência e estrangulamento financeiro do crime, e não em confronto territorial prolongado.
Controvérsia e Dilemas da Operação Contenção
No pano de fundo, permanece a controvérsia sobre a Contenção. A operação foi descrita pelo governo do Rio como um “sucesso”, mas, segundo relatos de moradores, corpos foram encontrados na mata com sinais de rendição e de execução. Diante desse contraste, uma investigação independente foi defendida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para “garantir responsabilização”, interromper violações e proteger testemunhas e familiares. Enquanto isso, a Alems reflete, em escala local, o dilema nacional: como equilibrar o pulso firme com o rigor legal e a inteligência investigativa, sem naturalizar a letalidade?
Foram mantidos os apartes por determinação da presidência, e a condução dos trabalhos foi feita sob regras regimentais. Isso aconteceu apesar do clima de provocação. Do mesmo modo, a Operação Contenção foi apresentada por seus defensores como resultado de planejamento. Ao passo que críticas sobre possíveis abusos foram registradas e deverão ser apuradas. Entre a retórica e a responsabilização, o debate seguirá no centro da arena política estadual.
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