As doenças renais em cães e gatos podem surgir de forma silenciosa, mas são capazes de comprometer gravemente a saúde dos animais. O alerta é do médico veterinário Rodrigo Marino, especializado em imunologia veterinária, que participou nesta quarta-feira (21) do programa Microfone Aberto, na Massa FM Campo Grande.
Segundo Marino, tanto a genética quanto os hábitos diários influenciam diretamente na saúde renal dos pets. “A genética está ligada a predisposições, mas os hábitos são determinantes”, ressaltou.
Ele citou, por exemplo, a necessidade de oferecer água fresca, especialmente em cidades quentes como Campo Grande.
Raças com maior predisposição
Algumas raças apresentam maior predisposição a doenças renais, como Shar Pei e Schnauzer. “Não significa uma obrigatoriedade, mas sim uma facilidade maior para desenvolver esse tipo de problema”, explicou o veterinário. Por isso, o monitoramento constante é essencial.
Sinais de alerta: urina escura e dificuldade ao urinar
Marino orienta os tutores a observar mudanças no comportamento e sinais físicos. Entre os principais indícios de problemas renais estão a dificuldade para urinar e alterações na coloração da urina.
“Urina mais pigmentada, avermelhada ou alaranjada deve ser um alerta”, reforçou.
O veterinário também alertou que muitas doenças renais são consequências de enfermidades infecciosas, como leishmaniose, erliquiose e babesiose, comuns em Mato Grosso do Sul.
Prevenção inclui exames periódicos
De acordo com Marino, o grande erro dos tutores é buscar ajuda veterinária apenas quando os sintomas já estão avançados. “As doenças renais podem estar mascaradas por outras enfermidades. Por isso, consultas e exames periódicos são fundamentais”, defendeu.
Ele recomenda que cães e gatos saudáveis, com boa alimentação e hidratação, façam check-up a cada seis meses ou, no máximo, anualmente.
Alimentação inadequada aumenta riscos
A alimentação também é fator determinante para a saúde renal. Marino criticou o hábito comum de oferecer sobras de comida humana aos pets. “Na nossa época, talvez fosse a única opção, mas hoje temos rações balanceadas que atendem as necessidades específicas de cada raça e espécie”, explicou.
Ele destacou que dietas com alto teor de proteína podem agravar quadros renais em animais que já tenham lesões. Por isso, o controle nutricional é indispensável.
Leishmaniose é ameaça silenciosa em MS
Mato Grosso do Sul é um dos estados com maior incidência de leishmaniose, uma das principais doenças que podem comprometer os rins dos pets. Segundo Marino, cerca de 60% a 70% dos animais positivos para a doença não apresentam sintomas.
“Isso reforça a necessidade de exames de rotina, como sorologia e urinálise”, recomendou.
Monitoramento é a principal ferramenta de prevenção
Para o especialista, o acompanhamento frequente da saúde dos pets é a melhor forma de garantir qualidade de vida e evitar complicações. “Leve seu animal ao veterinário não só quando ele estiver doente, mas para prevenir”, aconselhou.
Exames simples, como a urinálise, podem detectar precocemente doenças renais. “É um alerta que serve para todos nós”, concluiu Marino.
Confira a entrevista na íntegra: