
Entidades do agronegócio de Mato Grosso do Sul divulgaram nota de repúdio após o incêndio registrado na Fazenda Ipuitã, em Caarapó, neste sábado (25). O documento, assinado pela Famasul e por outras dez instituições do setor, classifica o episódio como “ato criminoso”.
Ele sustenta que o produtor rural teve o direito de propriedade violado de forma “grave e intolerável”. Além disso, as organizações pedem medidas firmes da Justiça e a responsabilização dos envolvidos. Elas argumentam que a insegurança jurídica no campo é agravada por omissões do poder público.
Na manifestação, foram relatados incêndios a maquinários, insumos e estruturas da fazenda, com prejuízos que teriam impedido a continuidade da atividade produtiva. As entidades também afirmam que a “leniência” das autoridades reforça o clima de instabilidade. A nota é subscrita por Famasul, ABPO, Aprosoja/MS, Acrissul, Asumas, Apai, Novilho Precoce/MS, OCB/MS, Reflore/MS, Sulcanas e Sodepan. Elas reiteram a defesa da propriedade privada e repudiam atos de violência no campo.
Por outro lado, a versão apresentada pela comunidade Guyraroká aponta outra motivação para a ofensiva. Segundo a comunidade, a ação ocorreu em reação ao sequestro de uma adolescente de 17 anos. Foi também como reivindicação para que a Terra Indígena deixe de ser exposta a agrotóxicos, o que teria sido praticado pelo fazendeiro. O Cimi confirmou o sequestro e afirmou que a jovem foi resgatada na sede da fazenda, negando a presença de indígenas armados. Enquanto isso, a Polícia Militar informou ter sido acionada para restaurar a ordem e garantir a segurança. Eles estimaram a participação de cerca de 50 pessoas no episódio.
Tensões e Disputas Fundiárias
O caso reacende um histórico de tensões na região, marcado por disputas fundiárias e por reivindicações de demarcação de terras. Nesse contexto, lideranças do agronegócio sustentam que parcerias produtivas entre comunidades indígenas e o Sistema Famasul existem e devem ser preservadas. Eles condenam com veemência atos de depredação. Entretanto, representantes indígenas insistem que os conflitos decorrem de violações recorrentes a direitos territoriais e ambientais.
Investigação e Apuração de Responsabilidades
Diante das versões em conflito, foi defendida, pelas entidades, a atuação célere do Judiciário para apurar responsabilidades. Ao mesmo tempo, a comunidade e o Cimi cobram investigação sobre o sequestro da adolescente e as denúncias ambientais. As autoridades foram acionadas; a apuração permanece em curso.