Os idosos continuam sendo o grupo mais visado por criminosos em golpes financeiros no Brasil. Somente no ano passado, o Disque 100 registrou mais de 72 mil ocorrências. Em entrevista ao programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande, a advogada Larissa Brandão, presidente da Comissão de Direito de Consumidor da OAB/MS, explicou os motivos dessa vulnerabilidade, detalhou os principais golpes e destacou medidas de prevenção e proteção jurídica.
Por que os idosos são mais vulneráveis
Segundo Larissa, fatores como renda fixa da aposentadoria e dificuldades no uso de tecnologias tornam o idoso um alvo frequente. “Eles são reconhecidos pela lei como hipervulneráveis, justamente por enfrentarem barreiras tecnológicas e dependerem da confiança em terceiros, o que abre espaço para golpes”, afirmou.
Golpes mais comuns
A presidente da comissão apontou três práticas recorrentes:
- Falso gerente ou atendente: golpistas se passam por funcionários de banco, induzindo idosos a fornecer senhas ou biometria.
- Falso advogado: aproveitando vazamento de dados, criminosos cobram valores para supostos processos ou benefícios.
- Descontos e associações indevidas: fraudes em contratos ou tarifas que passam despercebidas em extratos digitais.
Atenção redobrada no dia a dia
Larissa defendeu a importância da conferência de notas fiscais, valores em compras e destinatários em transferências. Ela relatou até um caso vivido pelo próprio pai, que quase sofreu prejuízo em uma loja por erro de cobrança. “O aprendizado é simples: atenção redobrada e sempre conferir”, destacou.
Além disso, recomendou que idosos busquem apoio de familiares em idas ao banco e criem rotinas de checagem em aplicativos. A rede de apoio, segundo ela, é essencial para reduzir riscos.
Golpes emocionais e prevenção
Casos como o falso sequestro ou mensagens de WhatsApp ainda circulam, segundo a advogada. A dica é combinar uma palavra-chave de segurança com familiares para evitar transferências por impulso.
“Os golpistas são persuasivos, trabalham no imediatismo. Uma palavra-chave pode evitar grandes prejuízos”, explicou.
Proteção legal e políticas públicas
Larissa lembrou que a legislação garante mecanismos de defesa. O Código de Defesa do Consumidor e o Estatuto do Idoso são as principais bases, além de regulamentações do Banco Central que limitam contratações por telefone.
Ela reforçou ainda o papel de órgãos como Procon, Ministério Público e da própria OAB em campanhas educativas.
“O primeiro passo é falar sobre o tema. Precisamos divulgar essas práticas e orientar os idosos para que não caiam em armadilhas”, destacou.
Rede de apoio e orientação
A advogada defendeu que famílias aproveitem encontros para auxiliar na checagem de extratos e descontos. “Às vezes, 50 reais de desconto passam despercebidos, mas acumulam grandes prejuízos. O olhar atento dos familiares é fundamental”, concluiu