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Chuvas de outubro renovam otimismo para a safra de soja em Dourados

Chuvas foram positivas para o produtor na região de Dourados / Foto: Hedio Fazan/Reprodução
Chuvas foram positivas para o produtor na região de Dourados / Foto: Hedio Fazan/Reprodução

A chegada das chuvas em outubro na região de Dourados trouxe um alívio importante para o início da safra de soja 2025/26. Em setembro, os volumes foram baixos, 51 mm em Dourados, 44 mm em Rio Brilhante e apenas 27 mm em Ivinhema, segundo a Embrapa Agropecuária Oeste, o que deixou os solos com um nível de umidade insatisfatório. Entretanto, até o dia 20 de outubro em Dourados foram acumulados 86,7 mm, diante de uma média mensal esperada de 146,6 mm.

O avanço do plantio reflete essa melhoria, conforme destaca o vice-presidente do Sindicato Rural de Dourados, Michael Araújo. “Essas chuvas eram muito aguardadas e com elas conseguimos normalizar o controle de ervas, antecipando ao plantio da soja, que acreditamos estar com em torno de 20 a 25% da área plantada na região” disse.

Essa aceleração frente ao cenário seco anterior também é a realidade do produtor rural Lídio Guerra. Com uma área de 860 hectares, ele já semeou em torno de 60% a 65%, graças a chuvas localizadas e ao uso de pivôs de irrigação.

“Conversamos com colegas produtores que pegaram menos chuva e não conseguiram o mesmo ritmo de plantio que nós atingimos aqui em Dourados. Realmente o clima estava bem seco, então no início do mês tivemos uma chuva com cerca de 30 milímetros, então a gente iniciou com isso aí. Cerca de 25% da nossa área também está sobre o pivô de irrigação, então também facilita um pouco. Nós iniciamos sempre por ali, porque aí a gente consegue controlar um pouco”, explica.

Do ponto de vista climático, os pesquisadores da Embrapa reforçam que o momento é oportuno. Rodrigo Arroyo Garcia destaca que “esse período de início de safra é um período de transição climática. O mês de outubro está satisfatório, essas chuvas são muito importantes para um bom estabelecimento da lavoura”.

Por sua vez, Eder Comunello ressalta que “até o final desta semana o tempo continua firme, com sol forte, temperaturas em elevação e umidade baixa”, mas que “entre os dias 25 e 27 de outubro há expectativa de mudança no tempo e retorno das chuvas”, o que ainda abre “uma boa janela para o desenvolvimento da safra 2025/2026”.

Expectativas de Produção e Desafios Climáticos

Em relação às expectativas de produção no estado, dados oficiais indicam que a safra 2024/25 de soja em Mato Grosso do Sul alcançou uma produtividade média de 51,78 sacas por hectare, com área de 4,524 milhões de hectares e produção de 14,06 milhões de toneladas. Para o ciclo 2024/25, projeções apontavam para 54,4 sacas/ha e produção de 14,686 milhões de toneladas. Para o ciclo 2025/26, espera‐se aumento de área para aproximadamente 4,79 milhões de hectares e produção de até 15,2 milhões de toneladas, crescimento de cerca de 8,1% frente ao ciclo anterior.

Apesar do cenário climático mais favorável, os produtores locais não ignoram os desafios persistentes. Michel Araújo alerta “os custos de insumos estão com preços realmente elevados, óleo diesel muito caro, fretes, peças. O custo do recurso dinheiro está muito alto e escasso, o preço dos grãos está muito abaixo do que os insumos não acompanharam”. Da mesma forma, Lídio Guerra observa que “os fertilizantes subiram bastante, com relação a preços, estamos por volta de R$ 120 a R$ 125 por saca na nossa região. Não esperamos que melhorem muito”.

Cenário Misto e Perspectivas Futuras

Para Dourados e região, o cenário se mostra, portanto, misto. Por um lado, o retorno das chuvas na hora certa amplia a janela para bom estabelecimento da soja e possibilita expectativa de produtividades acima de 50 sacas por hectare, conforme o produtor “mira acima de 50 sacas/ha aqui na nossa região”. Por outro lado, a rentabilidade dependerá fortemente de como os custos evoluirão e se os preços de comercialização não irão se deteriorar ainda mais.

A safra de soja em Dourados começa com um impulso climático positivo e com o plantio ganhando ritmo, mas encerra sob a sombra de incertezas de mercado e estrutura de custos. O sucesso dependerá não apenas da continuidade das chuvas bem distribuídas, como também da capacidade dos produtores de gerir insumos, crédito e estratégias de venda com eficiência.