Já passa de uma semana a ocupação de povos indígenas Guarani-Kaiowá, da aldeia Guyraroká, na fazenda Ipuitã, em Caarapó. No último domingo (28), um grupo voltou a se manifestar afirmando que a Polícia Militar tentou impedir o acesso de pessoas ao local e destruiu uma barraca que abrigava uma família com três crianças.
Conforme publicação no perfil de rede social Conselho Aty Guasu, Assembleia Geral do Povo Kaiowá e Guarani, os militares tentaram impedir algumas pessoas de retornar ao local da ocupação. Eles afirmam que houve intimidação e ameaça de uso da força, e, ainda, que existe um acordo com a Força Nacional para que os policiais não intervenham.
No vídeo é possível ver um grupo de pessoas parados na porteira, em frente a barreira policial, com gritos de protesto, como ‘Jamais deixaremos nosso povo sozinho’ e ‘A gente não quer a violência, a gente quer a nossa terra’.
Uma das lideranças indígenas relata que os policiais destruíram uma barraca de lona que pertencia a uma família de cinco pessoas, sendo um casal, três filhos, de 7 e 5 anos, além de um recém-nascido.
Na quinta-feira (25) o Governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, se reuniu com o ministro em exercício dos Povos Indígenas, Eloy Terena, para discutir mediação de conflitos fundiários no Estado, onde ficou definida a criação de uma força-tarefa conjunta para acelerar soluções jurídicas e aprimorar a atuação das forças de segurança junto às comunidades.
Conforme o RCN67 noticiou na semana anterior, os indígenas ocupam a área em protesto contra a pulverização de agrotóxicos na fazenda Ipuitã, em uma região próxima a aldeia. A fazenda está sobreposta ao território tradicional, que teve 11,4 mil hectares reconhecidos como posse indígena pelo Ministério da Justiça em 2009, mas em 2014, foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O conflito teve início no domingo (21), porém, no dia seguinte (22), uma Tropa de Choque da Polícia Militar chegou a remover o grupo do local. Mesmo assim, cerca de 60 indígenas retornaram na quarta-feira. A nova ocupação do imóvel resultou em acusações graves de ambas as partes, desde destruição de patrimônio até sequestro.