Três Lagoas continua a “abrigar” haitianos que desembargam diariamente no Brasil em busca de emprego. Alguns chegam de maneira legalizada. Outros, clandestinamente. Levantamento realizado pela Associação Sócio Cultural dos Haitianos de Três Lagoas mostra que o município tinha 344 estrangeiros até o dezembro do ano passado. O número é pouco superior à metade do contabilizado entre 2015 e 2016, segundo estimativa feita pela Polícia Federal.
De acordo com o presidente da associação, Michel Carlos Alfredo Diaz, há grande rotatividade entre estrangeiros de seu país aqui no Brasil. Um novo levantamento será realizado, segundo ele, a pedido da Secretaria de Assistência Social para montagem de um cadastro.
Apesar da diminuição, diariamente grupos de haitianos se somam a brasileiros na fila da Casa do Trabalhador em busca de uma oportunidade de emprego. Nesta semana, a reportagem conversou com cinco deles no local. A maioria disse que está em Três Lagoas há quase dois anos, e agora estão desempregados, mas que pretendem conseguir serviço e continuar na cidade.
BRASILEIROS
Em razão do desemprego no país, Três Lagoas iniciou 2017 recebendo grande quantidade de trabalhadores vindos de várias regiões, principalmente do Nordeste. O número de vagas disponíveis na Casa do Trabalhador, no entanto, é sempre menor do que a demanda de pessoas que passam pelo órgão diariamente.
Segundo Cleonice Fontoura, que responde provisoriamente pela agência pública de empregos, muitos trabalhadores têm a expectativa de retomada das obras da fábrica de fertilizantes nitrogenados da Petrobras, paralisadas há mais de dois anos. No entanto, ela informou que não existe informação segura de que a obra será retomada. Também não há previsão de início de contratações para a ampliação da fabricante de celulose Eldorado Brasil, adiada desde o início de 2015. “As pessoas escutam qualquer tipo de notícia relacionada às grandes fábricas e já acham que estão contratando, e não é isso”, alertou.
Cleonice informou que, além de não ter vagas suficientes para a demanda, o órgão também não dispõe de equipe de funcionários o suficiente para atender a todos nos últimos dias.
No início do ano passado, a cidade também recebeu grande quantidade de desempregados devido à expansão da fábrica de celulose da empresa Fibria – situação que levou muitos trabalhadores a dormir na calçada em frente ao órgão, à espera da abertura de vagas. No decorrer do ano, porém, o número de migrantes desempregados diminuiu. Agora, o êxodo por emprego volta a ocorrer, incluindo haitianos novos e os que já moravam em Três Lagoas em busca de oportunidade.