
O diretor-presidente da Fundação Luiz Chagas de Rádio e Televisão Educativa de Mato Grosso do Sul (Fertel) mantenedora da TV Educativa de MS, Bosco Martins, foi eleito nesta semana presidente do Fórum Nacional de Emissoras Públicas de Rádio e TV. A eleição foi durante reunião realizada na quinta-feira (30) em São Paulo (SP), na sede da Fundação Padre Anchieta – a mantenedora da TV Cultura.
Bosco substitui Sérgio Kobayashi (E-Paraná) no próximo biênio. A indicação ocorreu com aval dos representantes de 18 fundações e empresas públicas de comunicação que integram a entidade dedicada às discussões políticas que visam o fortalecimento do sistema público de radiodifusão educativa e cultural brasileira. O posto de vice-presidente será ocupado por Geraldo Magela (TVE do Espírito Santo ao lado de Fábio Borba (gerente executivo de rede da TV Cultura) como secretário.
A eleição reuniu dirigentes da TV Cultura do Amazonas, TVE Alagoas, TVE Bahia, TVE Ceará, TVE ES, Rede Minas, TVE Goiás, TVE Cultura de Mato Grosso do Sul, Rede Cultura do Pará, E-Paraná, TVE Pernambuco, TVE Rio Grande do Sul, TVE Tocantins, TVE Sergipe, TVE Acre e TVE Piauí além do Diretor-Presidente da TV Cultura de São Paulo, Marcos Mendonça e do Secretário Nacional de Radiodifusão do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) Moises Queiroz Moreira.
“Um dos compromissos que definimos é o de, no próximo governo federal, colocar as emissoras públicas em um primeiro patamar. Por isso, devemos procurar os candidatos a Presidente da República para discutir essa pauta”, afirmou Bosco, segundo quem outra prioridade é a reaproximação das emissoras públicas (TV Cultura e EBC/TV Brasil) nos moldes da Abepec (Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais), “mas como um Observatório das Emissoras Públicas, tendo como espírito, seu objetivo, que é a produção de conteúdo de qualidade e a difusão do grande amalgama da cultura regional, numa integração do país para população”.
A nova presidência visa explorar as novas possibilidades nos moldes do streaming e on-demand, que permitem o acesso ao conteúdo na internet “Essas janelas da inovação exigem que nos atualizemos, para aproveitarmos novas tecnologias, e nos reaproximarmos. Isso inclui um trabalho conjunto “linkando” as duas grandes empresas públicas de comunicação do Brasil”, pontuou, citando a TV Brasil e a TV Cultura, da qual a TVE Cultura MS é retransmissora.
PAPEL
Marcos Mendonça reforçou que tais instrumentos podem colaborar na missão das emissoras de difundirem a educação, tanto na produção de programas –anunciando o “De Olho na Educação”, nova produção da TV Cultura que vai retratar o cenário atual do setor– como no uso da própria plataforma de telecomunicação para difundir ensinamentos.
Tal papel vai ganhar relevância a partir da multiprogramação, a qual o secretário nacional de Radiodifusão do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Moisés Queiroz Moreira, anunciou durante o encontro do fórum que será autorizada ainda neste ano. “Isso permitirá que modelos como os adotados pela Universidade Virtual de São Paulo, da Fundação Padre Anchieta, e pela E-Paraná, que se valem do sistema para divulgar ações de Ensino à Distância, sejam uma constante em todas as emissoras”, pontuou Marcos.
Outro ponto a ser trabalhado envolve a digitalização de mais de mil horas de programação das emissoras públicas para sua distribuição online.
BOSCO MARTINS
Bosco Martins foi aclamado para o posto por seus pares tendo, entre os fatores, sua experiência na área de comunicação pública. Ele integrou o SINRED (Sistema Nacional de Radiodifusão) e, na sequência, fez parte na fundação da ABEPEC, sendo dirigente do Conselho Fiscal. O diretor-presidente da FERTEL já defendia nessa época a criação de uma grande empresa pública de comunicações – criada em 2007 por meio da EBC.
“Temos trabalhado por uma emissora de Estado, e não de governo, por meio da independência, inserida em uma agência reguladora, inclusive com membros eleitos”, pontuou, rechaçando ainda movimentos recentes que tentam fragilizar a comunicação pública.
“Contesto uma matéria insidiosa, maldosa, veiculada por um grande veículo de circulação pregando a extinção da EBC. É justamente o contrário: devemos investir na TV pública para que ela mostre aquilo que está fora do que é tratado pelo circuito comercial, oferecendo programação de qualidade e que divulga educação, qualificação e cultura”.
Tal posicionamento foi defendido pelo secretário de Cultura e Cidadania de Mato Grosso do Sul, Athayde Nery de Freitas Junior, presente à reunião. Além de defender as emissoras públicas como meios de difundir a “cultura cidadã”, ele elogiou a decisão do Fórum de indicar o jornalista como seu novo presidente. “Sem dúvida é uma pessoa que tem o pensamento de ter a TV como meio de inclusão e que, com sua paixão, manteve a TVE Cultura de Mato Grosso do Sul”, destacou.