A pergunta é boa e a resposta ruim! O pior: não é preciso recorrer a regras mirabolantes para se chegar a conclusões óbvias. Nas filas de bancos e supermercados, por exemplo, poucos ousariam pelos caminhos da generosidade na hora da avaliação.
Circula na internet o texto desabafo de um professor de Física, (com curso superior) do ensino médio da Bahia, onde faz uma série de considerações da sua situação profissional e lança uma comparação inusitada. Lembra que seu salário é de apenas R$650,00, enquanto cada parlamentar nosso custa anualmente ao país a fortuna de R$10,2 milhões. Ao final, uma conclusão de estarrecer: os gastos de um só parlamentar dariam para pagar 344 professores.
Aposto que você deve estar exclamando: “Ora bolas! Um só professor faz mais falta que vários parlamentares!” Mas é aí que vem a revolta do professor: os políticos legislam em causa própria e sempre encontram uma saída camuflada para engordar seus vencimentos. O episódio da farra das passagens provou a + b que os parlamentares pediram concordata ética e deram as costas para a opinião pública. “Tô nem aí!” Para piorar, a postura parlamentar recebeu a solidariedade do próprio presidente Lula, que antes tinha uma visão de “picaretas” dos integrantes do Congresso.
Mas vamos seguir o raciocínio do mestre baiano e perguntar: que ação parlamentar resultou em benefício do nobre leitor? Não vale responder de afogadilho ou no emocional! Na saúde? Na educação? Na segurança? Onde mesmo? No tal PAC – com P de “Parola”?
Sem ser refém do desalento, continuo a respeitar a importância do Congresso Nacional, mas não há como negar o notável descontentamento que toma conta da opinião pública. Todo o dia o placar dos escândalos sofre alteração. Até quando os discursos ufanistas de Lula vão encobrir as sacanagens da “cumpanheirada e Cia?” Os avanços em algumas áreas da administração não podem servir de compensações aos desvios parlamentares.
Como diz o jornalista Carlos Alberto Di Franco: “…É preciso mostrar eventuais descompassos entre o discurso e a realidade…Nós jornalistas, devemos ser o contraponto a essa tendência. Cabe-nos a missão de desnudar o que o marketing esconde”.
Se “a imprensa é a vista da nação”, como dizia Rui Barbosa, não há como se omitir! E aí no arremate, pergunto: “Você trocaria seu parlamentar por 344 professores?”