Uma brincadeira típica de adolescente em excursão ou moradores de república por pouco não terminou em morte, por volta das 12h30 desta sexta-feira, no bairro Morada Verde, região Norte de Campo Grande. Tudo começou porque um homem pintou as unhas de outro que dormia, com esmalte verde. Ao acordar iniciou-se uma briga que terminou na tentativa de homicídio.
Francisco Assis Soares, que trabalha com carga e descarga na Ceasa de Campo Grande e também como vendedor de títulos de capitalização, trabalhou a noite e a madrugada inteira lotando caminhões de verduras para o interior do Estado.
Ao sair foi até o bar, localizado na esquina das ruas Pintassilgo e Periquito e ingeriu algumas doses de conhaque. Ele acabou adormecendo em um ponto de ônibus bem em frente ao estabelecimento.
Por volta das 12h30 um homem conhecido apenas como Argemiro viu que Francisco, o Ceará, estava dormindo alcoolizado e foi até um salão de beleza que fica ao lado e pediu emprestado um vidro de esmalte vermelho, mas no lugar, deram um com esmalte na cor verde. O ‘travesso’ pintou as unhas dos pés de Ceará e voltou para a mesa que ficava próxima para continuar a beber.
Quando Ceará acordou e viu suas unhas pintadas questionou quem foi e alguém apontou Argemiro como o autor. Francisco então tirou um canivete que portava – que segundo o dono do bar é utilizado para cortar fumo para mascar – e começou a discutir com o autor.
Segundo relato do dono do bar, Atairço Rodrigues da Silva, o Caju, Ceará foi apontando o canivete para a barriga de Argemiro até encurralá-lo no canto de um a área onde ficam mesas de sinuca.
“O Argemiro tirou o revólver da cintura e ficou segurando enquanto o Ceará xingava e mostrava o canivete. Quando o Argemiro ficou bem no cantinho da parede, o Ceará virou as costas pra ele e disse: Você é um b….. e não atira em ninguém”, relata.
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Ainda de acordo com Atairço, quando Ceará se afastou um pouco, Argemiro se aproximou e atirou uma vez. O tiro atingiu a costela mas, incrivelmente, voltou e caiu no chão. O autor fugiu em seguida e ainda não foi detido.
O dono do bar contou à reportagem que Ceará é muito conhecido na região por seu comportamento extrovertido. "Ele não faz mal nem para uma mosca. Isto que aconteceu poderia ser pior se o revólver do outro prestasse”, acredita.
Um morador que preferiu não se identificar contou que Argemiro tem passagens pela polícia e, inclusive, é de seu conhecimento que saiu recentemente da cadeia. “A gente prefere não falar dele, apenas que o Ceará é muito gente boa e trabalhador”, resumiu.
‘Pau santo’
O dono do bar garante que a discussão só não se transformou numa tragédia maior porque exatamente no local onde Ceará foi atingido é bento. Ele narra que há aproximadamente três anos, um rapaz surpreendeu outro com uma faca, mas ela quebrou e frustrou o plano de assassinato. “Aconteceu a mesma coisa com o Ceará. Não dá pra acreditar que a bala entrou um pouco nele, atingiu o osso, voltou e caiu no chão”.
Caju afirma categoricamente que o poste onde aconteceram as duas tentativas de homicídio é benzido. Ceará foi socorrido por militares do Corpo de Bombeiros para a Santa Casa de Campo Grande. Ele não corre risco de morte. O vendedor é separado e tem duas filhas.
