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Três Lagoas é a 10ª maior economia do Centro-Oeste, mas renda não acompanha

Três Lagoas alcançou PIB de aproximadamente R$ 14,7 bilhões em 2023, resultado impulsionado principalmente pelo setor industrial

O PIB municipal é calculado a partir do valor adicionado da agropecuária, indústria e serviços, somado aos impostos sobre produtos. Foto: Arquivo.
O PIB municipal é calculado a partir do valor adicionado da agropecuária, indústria e serviços, somado aos impostos sobre produtos. Foto: Arquivo.

Três Lagoas figura entre as cidades mais ricas do Centro-Oeste, mas o avanço econômico ainda não se reflete de forma equilibrada na vida da população. Para Marçal Rogério Rizzo, economista e professor do curso de Administração da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), o principal desafio do município é transformar crescimento em desenvolvimento social com melhor distribuição da renda gerada. Segundo o economista, Três Lagoas é um ponto fora da curva quando se analisa o volume do Produto Interno Bruto, mas segue distante dos primeiros lugares no ranking de PIB per capita. O economista destaca que o crescimento macroeconômico precisa resultar em mais oportunidades, melhoria da qualidade de vida e justiça social. Os dados divulgados pelo IBGE na semana passada, confirmam a força econômica do município.

Três Lagoas alcançou PIB de aproximadamente R$ 14,7 bilhões em 2023, resultado impulsionado principalmente pelo setor industrial. O valor garante ao município a terceira posição em Mato Grosso do Sul, atrás apenas de Campo Grande e Dourados, e o 10º lugar entre as cidades do Centro-Oeste com maior PIB.

No ranking estadual, Campo Grande lidera com cerca de R$ 42,2 bilhões, seguida por Dourados, com aproximadamente R$ 20,3 bilhões. Na sequência aparecem Três Lagoas, Ponta Porã, com R$ 6,1 bilhões, e Maracaju, com R$ 5,9 bilhões. Juntos, esses municípios concentram a maior parte da riqueza produzida em Mato Grosso do Sul.

Entre 2022 e 2023, Três Lagoas registrou crescimento de cerca de 13% no PIB, saltando de R$ 13 bilhões para R$ 14,7 bilhões. A participação do município na economia estadual também aumentou, passando de 7,84% para 8% do PIB de Mato Grosso do Sul, percentual considerado relevante no contexto regional.

No cenário do Centro-Oeste, cinco municípios sul-mato-grossenses aparecem entre os 30 maiores PIBs. Campo Grande ocupa a terceira posição, atrás apenas de Brasília e Goiânia. Dourados aparece em oitavo lugar, enquanto Três Lagoas figura na 10ª colocação.

Apesar do bom desempenho econômico, o PIB per capita de Três Lagoas não acompanha o mesmo ritmo. Em 2023, o indicador ficou em R$ 111.703,31, posicionando o município apenas na 202ª colocação no ranking nacional. O dado reforça a avaliação de especialistas sobre a necessidade de políticas voltadas à distribuição da riqueza. O PIB per capita representa a divisão da riqueza total produzida pelo número de habitantes, indicando uma média econômica por pessoa, sem refletir, necessariamente, a distribuição real da renda.

O PIB municipal é calculado a partir do valor adicionado da agropecuária, indústria e serviços, somado aos impostos sobre produtos. O indicador é uma das principais referências para análise do desenvolvimento regional e para o planejamento de políticas públicas. Em duas décadas, Três Lagoas passou por uma profunda transformação econômica.

De acordo com dados históricos do IBGE, o PIB do município saltou de R$ 1,34 bilhão em 2002 para mais de R$ 13 bilhões em 2021, crescimento superior a 870%, impulsionado pela chegada de grandes indústrias, especialmente do setor de celulose e papel. Para especialistas, o desafio agora é fazer com que esse avanço econômico se traduza em desenvolvimento social, garantindo que os benefícios do crescimento alcancem de forma mais ampla a população residente no município.