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Três Lagoas

Secretário de Saúde afirma que não faltam médicos

Num país com 16 milhões de miseráveis, é claro que o maior problema social é a saúde

Secretário municipal de Saúde, Sérgio Luiz dos Santos Jeremias -
Secretário municipal de Saúde, Sérgio Luiz dos Santos Jeremias -

Em Três Lagoas, a população também reclama do serviço da saúde pública, principalmente da falta de médicos.  Para o secretário municipal de Saúde, Sérgio Luiz dos Santos Jeremias, não falta médico na cidade, mas “algumas lacunas precisam ser preenchidas”.

A boa notícia é que serão construídas duas USBs e será entregue, ainda neste mês, a nova instalação do Centro de Especialidades Odontológicas, muito embora não tenha adiantado a data nem o local. Sobre as instalações, o secretário admitiu que o município conta com unidades que são inadequadas. “Fazemos o atendimento porque não existe outra opção”. Ele comentou a saída dos médicos da Oncologia, da UTI neonatal e da parceria com o Hospital Auxiliadora.

Como o senhor explica o problema da Saúde em Três Lagoas?
Em qualquer momento da vida, os serviços de saúde sempre serão questionados, nunca vão satisfazer plenamente ao cidadão, de maneira geral. Como disse, esse é um processo dinâmico e nós estamos em busca do equilíbrio, em termos de saúde física, mental e espiritual. Por mais que se aportem recursos técnicos e financeiros, sempre haverá uma demanda pela manutenção e recuperação da Saúde. É uma busca incessante.

A Secretaria adquiriu um programa novo que prometia melhorar a gestão na saúde.  Como isso está se desenvolvendo?
De maneira geral, é preciso existir um planejamento para a realização do atendimento.
O serviço público tem que avaliar como vai ser feita a gestão. A disponibilização de recursos humanos, das áreas(os prédios), de tecnologia (os equipamentos), os insumos, e capacitação do profissional. É uma atividade bastante complexa. Essa ferramenta, através da informática, é exatamente para poder haver condições de gestão. E, relativamente, em curto espaço de tempo, nós temos todos os dados de que necessitamos para administrar a saúde sem delongas. Um exemplo: está sendo reestruturado todo plantel físico da Secretaria, com novas reformas de unidades, além de sua expansão. Esse ano vamos iniciar uma construção de uma nova Unidade Básica de Saúde (UBS). Há duas áreas pré-definidas para serem escolhidas: uma no setor norte/nordeste da cidade, na direção do bairro Paranapungá, à direita. Outra UBS será na área sul/sudeste da cidade, para o lado de Vila Haro, Maristela.

Neste ano?
A primeira é para este ano, a segunda para o ano que vem. Estão sendo projetadas UBSs para dar atendimento para os próximos 20 anos. Em função do que Três Lagoas era há duas décadas, as unidades de saúde que existem hoje são insatisfatórias e muito pequenas; são acanhadas e não prestam bom atendimento. Eu disse alguns meses atrás que, realmente, não iria permitir receber algumas unidades porque as condições físicas delas não eram satisfatórias. Hoje, nós temos unidades que são inadequadas para atendimento. A gente faz atendimento porque não tem outra opção. O Centro de Especialização Odontológica muda para um prédio novo, adequado para atender um centro de especialização, esse mês agora. Já está terminada a reforma e a tramitação burocrática para locar o prédio.  

O senhor tem problemas de recursos humanos.  A população reclama de falta de médicos. Como o senhor está resolvendo?
A dificuldade hoje é de encontrar médicos especialistas, porque o problema que nós tivemos foi em razão da portaria 134 do Ministério da Saúde, que exige que estes profissionais não possam trabalhar mais que oito horas por dia no serviço público municipal, estadual ou federal. Então, tivemos que fazer redistribuição –um remanejamento. A necessidade de mão de obra na área médica em Três Lagoas aumentou porque a cidade explodiu. As empresas vieram para cá e necessitam de recursos médicos e de atenção por causa da saúde de seus funcionários. Então, consequentemente, a oferta de mão de obra médica na cidade é insuficiente.

E na Secretaria Municipal de Saúde?
Está adequada. Esse mês agora, nós contratamos mais quatro médicos, que já estão atendendo. Relativamente, o quadro não vai ficar completo nunca. Nós temos 17 estratégias de Saúde de Família. A proposta para atender toda a cidade é que tenhamos 25 equipes. Cada uma com um médico. Nós temos 17 hoje. Vamos expandir para mais oito, então estamos atrás de oito médicos. Neste segundo semestre, vamos abrir concurso para médicos.

E a oncologia?
Terminando o problema dessa área, estamos em busca de profissionais. A dificuldade que nós temos é por causa dessa portaria que houve uma reorientação de como contratar um médico, e o que, às vezes, dificulta para que ele se instale aqui. As vantagens que nós oferecemos são, digamos assim, sufocadas pelo custo de vida altíssimo em Três Lagoas. O aluguel é muito caro, alimentação e combustível também, tudo isso impacta o orçamento do profissional. Ele vai ponderar. O que ele ganha, que é um atrativo, de repente, já não é mais. Mas isso, gradativamente, estamos sanando.

Falta ou não falta médico na cidade?
Digamos, assim, não falta médico em Três Lagoas. Algumas lacunas precisam ser preenchidas. Isso é importante, não estou minimizando, dizendo que não tem importância. Não, é necessário, mas nada urgente. Os nossos Postos de Saúde, que a gente chama de Postinhos, que são as UBSs, todos têm médico clínico e pediátrico nos dois períodos. Então, não tem problema. Exceto o São Carlos que tem pediatra só de manhã.

Segundo a imprensa, a população reclama que faltam médicos nos postos de saúde. Os cidadãos e a imprensa estão enganados?
A população confunde e a imprensa também, mas eu já esclareci várias vezes. Na UBS, que é posto de saúde, o atendimento é aberto à população  –no São Carlos, no Santa Luzia, no Vila Nova e na Vila Alegre. As ESFs, que são Estratégias da Saúde na Família,  o médico da família, o profissional faz parte da equipe e só atende a população cadastrada naquela região. Porque isso é uma estratégia federal, é uma forma de atendimento.
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Como está a parceria com o Hospital Auxiliadora?
Estamos renovando a contratualização, o hospital está passando por alterações físicas, mas tem várias inconformidades. O grande problema, tal qual a nossa casa, é que temos de fazer a reforma, mas morando dentro porque não há como parar o processo. Mas um dos pontos positivos do projeto Auxiliadora de modificação é que ele vai substituir, não vai fazer reforma. Eventualmente, está fazendo algumas maquiagens em alguns setores para atender só ao mais imediato. Mas já foi apresentado o novo plano diretor. Então, o hospital vai construir novas unidades, não vai substituir as que já existem. Vai crescer verticalmente.

E a Oncologia?
A oncologia anda muito bem. Houve uma atitude intempestiva de médicos contratados pela Auxiliadora que abandonaram o serviço abruptamente, deixando os pacientes à deriva, criando caos para a população. Isso foi irresponsabilidade do médico. Ele, em hipótese alguma, de acordo com artigo 8º do Código de Ética, pode abandonar um paciente. Foi uma decisão unilateral e intempestiva, além de abandono de serviço que deixou a clientela e a oncologia desesperadas. O hospital, mais rápido possível, num espaço de 12 dias, colocou uma equipe para substituí-los. Hoje tem uma equipe de dez profissionais atendendo a oncologia. São cinco oncologistas clínicos e cinco cirurgiões. A equipe é de Araçatuba. Em termos de saúde, 12 dias é muito tempo. Eventualmente, colocam-se vidas em risco, mas em termos administrativos foi muito eficiente. Os médicos é que pediram exoneração. Eles não concordaram com aquilo que o hospital ofereceu. Tanto é que a equipe de Araçatuba concordou e os médicos estão aí.

E a UTI neonatal? 

Dentro desse projeto que nós temos em longo prazo para o hospital, o Auxiliadora tem interesse em ampliar a UTI, que tem 10 leitos, o que é insuficiente. Não podemos esquecer que o hospital é referência para a mesorregião, que vai de Chapadão do Sul até Bataguassu, Água Clara. Então, o hospital, como entidade prestadora de serviço, tem o interesse de ampliar os leitos de UTI e expandir para atender crianças e o neonatal. O projeto é para que o hospital tenha 30 leitos, sendo que 10 seriam para crianças e um neonatal.

Não vai onerar a Prefeitura?

Não, a contratualização é nossa. Nós contratamos praticamente 60% da capacidade de trabalho da prestação de serviço do Auxiliadora. Os outros 40% são da iniciativa privada. O SUS compra do Auxiliadora em torno de 60% da capacidade de trabalho de serviço. E o SUS, não tem convênio com ninguém.


Como está a Saúde na sua gestão? 
Avaliando nesses sete meses, está melhor de quando cheguei aqui, em novembro. E o propósito, ao longo dos meses, é melhorar de forma brutal, é fazer transformação. A nota é que não está ruim, não está bom, eu coloco um “seis”. Sou bastante crítico, saúde não tem preço. A vida não tem preço. Mas tem que haver planejamento, não adianta resolver questões imediatas, só, pontuais.  Tem que fazer planejamento e avançar.

E as questões pontuais quanto a essas reclamações?
Como nós estamos num processo de transformação, e estamos mexendo com pessoas, é claro que existe a queixa pontual. Aí, vamos ter que avaliar e saber se procede a queixa. Isso é um sistema, e como tal, o indivíduo tem que se adequar às normas. Embora, eu esteja com muita pressa no trânsito, o sinal vermelho pra mim é para eu parar. E às vezes, alguns indivíduos ficam irritados porque não são atendidos prontamente. Mas existe um protocolo para ser atendido. Então, se há alguma má vontade de funcionário em atender, que o paciente procure o mecanismo, geralmente com a coordenadora da unidade, e procure esclarecimento. Se for alguma coisa realmente importante, que se mude, para melhor atender.