
O incêndio na Blue Zone da COP 30, em Belém, provocado nesta quinta-feira, virou símbolo de um contraste incômodo para o Brasil. De um lado, a imagem de desorganização na principal área oficial do evento. De outro, a estrutura elogiada da AgriZone, espaço montado pelo setor agropecuário com participação da Embrapa, do Sistema CNA/Senar e da iniciativa privada. A avaliação é do vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da entidade, Muni Lourenço.
Muni afirmou que o povo brasileiro “não merecia essa imagem” diante do mundo. Além disso, ressaltou que os habitantes da Amazônia também não merecem ser expostos a esse tipo de situação. Ele lembrou que esteve diversas vezes na Blue Zone e, nessas visitas, percebeu desorganização, falta de estrutura e ausência de profissionalismo. Estes elementos, somados, ajudaram a construir o cenário que terminou em incêndio.
Contraste entre Blue Zone e AgriZone
Enquanto isso, na AgriZone, o ambiente foi descrito pelo dirigente como exatamente o oposto. O espaço surgiu a partir de uma parceria sólida entre Embrapa, Sistema CNA/Senar e empresas privadas. Além disso, não houve interferência direta do governo na organização. Para Muni, essa independência permitiu que o local funcionasse com ordem, responsabilidade e debate qualificado. Isso reforça a capacidade do agro brasileiro de se apresentar ao mundo com conteúdo técnico e organização.
O vice-presidente da CNA destacou que, na área construída pelo setor, houve diálogo entre produtores, especialistas e representantes de diferentes países. As discussões se focaram em sustentabilidade, tecnologias e adaptação às mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, ele apontou falhas em “outros setores do evento”, onde, segundo seu relato, não se observaram o mesmo nível de planejamento e execução.
Impacto e Implicações do Incêndio
Embora o incêndio felizmente não tenha registrado feridos, o episódio gerou constrangimento internacional. Além disso, reacendeu críticas antigas sobre a estrutura da cidade-sede e a preparação logística para receber um evento do porte da COP 30. Muni Lourenço insistiu que a imagem do Brasil fica arranhada quando problemas dessa natureza ganham repercussão global. Isso ocorre especialmente em um momento em que o país tenta se afirmar como protagonista nos temas ambientais.
O contraste entre a Blue Zone e a AgriZone, portanto, vai além da questão física. Ele traduz uma disputa de narrativa: enquanto o agro organizado se apresenta como parte da solução climática, muitos setores ainda tratam o campo com desconfiança. Ao mostrar um espaço bem estruturado, com curadoria técnica e participação ativa de entidades como Embrapa e CNA, o setor busca provar que é possível conciliar produção, preservação e credibilidade institucional.