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Informações da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc)./ Taynara Foglia, Comunicação Governo de MS Foto: Saul Schramm, Secom/arquivo

Mato Grosso do Sul aposta na recuperação de pastagens degradadas para fortalecer a economia verde

Com cerca de 4,7 milhões de hectares passíveis de recuperação, Estado investe em políticas públicas, inovação e manejo sustentável do solo

Mato Grosso do Sul aposta na recuperação de pastagens degradadas para fortalecer a economia verde

Mato Grosso do Sul, historicamente conhecido como o “estado do boi gordo” e, mais recentemente, associado à expansão das florestas plantadas de eucalipto, enfrenta há anos um desafio estrutural no meio rural: a degradação de extensas áreas de pastagens. Estima-se que cerca de 4,7 milhões de hectares estejam em condições passíveis de recuperação, resultado de décadas de uso inadequado do solo, em regiões onde nem a pecuária apresentava bom desempenho produtivo e tampouco o cultivo florestal conseguiu promover a regeneração necessária.

Diante desse cenário, o Governo do Estado passou a tratar a recuperação de pastagens degradadas como uma pauta estratégica, inserida no contexto da chamada nova economia verde. O setor agropecuário, um dos principais motores da economia sul-mato-grossense, tem sido alvo de políticas públicas voltadas à modernização, à sustentabilidade e ao uso mais eficiente dos recursos naturais.

Em um ambiente marcado por exigências globais cada vez maiores em relação à produção de baixo impacto ambiental, o Estado tem investido em práticas como culturas rotativas, técnicas de conservação do solo, manejo adequado da água, além de ações voltadas à nutrição e à recuperação da fertilidade das áreas degradadas. Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), a combinação entre planejamento, inovação tecnológica e acesso a crédito sustentável tem contribuído para colocar Mato Grosso do Sul entre os destaques nacionais no manejo responsável do solo e da água.

Entre as principais iniciativas adotadas estão programas como Prosolo, MS Irriga, Plano ABC+ MS, Precoce MS e FCO Verde, que integram políticas de incentivo à recuperação ambiental, aumento da produtividade e redução das emissões de carbono na agropecuária. Esses programas formam a base das ações voltadas à sustentabilidade do setor no Estado.


Segundo o secretário Jaime Verruck, os avanços observados no Estado são resultado da atuação conjunta entre poder público, produtores rurais e instituições de pesquisa. Para ele, essa integração tem sido decisiva para acelerar a transição para uma agropecuária mais moderna, com menor emissão de carbono e maior eficiência produtiva, consolidando a posição de Mato Grosso do Sul no cenário nacional.

Modelo em consolidação

Com planejamento técnico, uso intensivo de ciência e políticas públicas contínuas, Mato Grosso do Sul vem se consolidando como referência em pecuária de baixo carbono e agropecuária sustentável. O modelo busca equilibrar produtividade, competitividade econômica e conservação ambiental, em linha com as exigências dos mercados interno e externo.

Estudos de instituições como o LAPIG e o MapBiomas indicam que o Estado está entre aqueles com maior extensão de áreas classificadas com baixo vigor de pastagem. Parte significativa dessas áreas está localizada no Pantanal, onde a presença de vegetação nativa e a dinâmica ambiental própria do bioma não caracterizam, necessariamente, degradação provocada por ação humana — informação considerada relevante para a formulação de políticas públicas e para evitar interpretações distorcidas dos dados.

De acordo com o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), a degradação identificada em Mato Grosso do Sul está associada, principalmente, a práticas históricas da pecuária extensiva, marcadas por baixa taxa de lotação e uso limitado de manejo, correção e adubação do solo. A queda da produtividade das pastagens e o desgaste do solo exigiram uma resposta estruturada, que hoje se consolida como política de Estado.

Principais políticas públicas em execução

Entre as ações adotadas estão programas voltados à recuperação ambiental e ao aumento da eficiência produtiva. O Prosolo atua na restauração de áreas afetadas por erosão, com implantação de práticas conservacionistas, recuperação da fertilidade do solo e melhoria de estradas vicinais. O MS Irriga tem foco na ampliação da irrigação sustentável e no uso racional da água. Já o Plano ABC+ MS incentiva sistemas produtivos de baixa emissão, como Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), plantio direto, uso de bioinsumos e manejo adequado de resíduos.

O Precoce MS estimula práticas de manejo mais eficientes na pecuária, enquanto o FCO Verde oferece linhas de crédito para recuperação produtiva e projetos sustentáveis. Entre 2020 e 2024, essa modalidade financiou 771 projetos, com investimento de R$ 812 milhões.

Credibilidade e exigências internacionais

No campo da certificação e rastreabilidade, a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), em parceria com o Fundems, investe R$ 7,6 milhões em projetos de certificação e monitoramento de carbono nas cadeias da soja e do milho, alinhando a produção estadual às exigências dos principais mercados globais.

Na pecuária, além do reconhecimento de Mato Grosso do Sul como área livre de febre aftosa sem vacinação, alcançado em 2025, o Estado avança na implantação do Sistema Estadual de Rastreabilidade Bovina, com início previsto para 2026 e cobertura total até 2032. Também está em desenvolvimento o Selo Verde, que integrará informações ambientais e produtivas, com o objetivo de ampliar a transparência socioambiental nas cadeias da carne e da soja.

Capacitação e liderança produtiva

Mato Grosso do Sul lidera o ranking nacional de áreas com sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, com mais de 3,6 milhões de hectares. A adoção desses sistemas contribui para diversificação de renda, redução da pressão por abertura de novas áreas e melhoria da fertilidade do solo.

O Estado também figura entre os cinco maiores consumidores de bioinsumos do país, impulsionado pelo Programa Estadual de Bioinsumos, criado em 2022. Paralelamente, iniciativas voltadas ao confinamento sustentável e à intensificação de pastagens têm ampliado a produtividade e reforçado práticas de bem-estar animal.

Em parceria com a Agraer, o Senar e instituições federais, o governo estadual também promove ações de capacitação técnica voltadas à adoção de práticas conservacionistas e de baixo carbono. Entre os projetos em andamento estão o Carbono ATeG, que auxilia produtores na mensuração e redução das emissões de gases de efeito estufa, e o ABC Cerrado, voltado à capacitação em ILPF, plantio direto e florestas plantadas.

Segundo Verruck, o foco é ampliar o acesso à assistência técnica e ao crédito sustentável, garantindo condições para que as propriedades rurais elevem a produção sem comprometer a conservação ambiental.