
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é silenciosa, progressiva e, muitas vezes, subestimada. Marcada por tosse persistente, catarro e falta de ar, ela combina dois problemas: bronquite crônica e enfisema pulmonar. E os dados acendem um alerta. “A DPOC é a terceira maior causa de morte no mundo. No Brasil, é a quinta. São cerca de 40 mortes por dia”, afirmou o pneumologista Ronaldo Queiroz, em entrevista à Rádio Massa FM.
Celebrado na terceira quarta-feira de novembro, o Dia Mundial da DPOC chama atenção para um cenário que preocupa especialistas. Segundo Queiroz, a maioria das pessoas não associa os sintomas à gravidade da doença.
“Se a gente falar ‘bronquite crônica’ ou ‘enfisema’, todo mundo reconhece. Mas quando falamos DPOC, muitos não sabem do que se trata”, explicou.
Tabagismo é responsável por 80% dos casos
O pneumologista reforça que o cigarro ainda é o maior vilão. “O tabagismo é responsável por 80% dos casos”, disse. Mas não é a única causa. Em Mato Grosso do Sul, a exposição prolongada à fumaça do fogão a lenha também tem impacto significativo.
“É muito comum atender mulheres que passaram a vida inteira em cozinhas com fogão de lenha aceso, inalando aquela fumaça diariamente”, afirmou.
Tosse e falta de ar: sinais que não devem ser ignorados
Os sintomas mais comuns são simples — e justamente por isso, muitas vezes ignorados. “Tosse persistente e falta de ar. Se a pessoa tem histórico de cigarro ou de exposição à fumaça e começa a cansar com atividades simples, deve procurar um pneumologista”, orientou Queiroz.
A doença não tem cura, mas o tratamento precoce impede que a condição avance e reduza a qualidade de vida. “Quando o diagnóstico é feito cedo, conseguimos controlar muito bem a evolução da DPOC”, afirmou.
O especialista também esclareceu uma dúvida comum, já que Mato Grosso do Sul registrou aumento de casos de bronquiolite. “Não tem relação. A bronquiolite é uma infecção viral, como gripe ou resfriado. A DPOC é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas”, destacou.
Para Queiroz, o principal recado no Dia Mundial da DPOC é simples: “Parar de fumar”. Além disso, quem apresenta sintomas persistentes deve procurar ajuda médica. “Aquela tosse que não passa, o pigarro diário e a falta de ar progressiva não são normais. Quanto antes começar o tratamento, maiores as chances de manter qualidade de vida”, concluiu.