
Entidades e lideranças indígenas manifestaram repúdio ao assassinato de uma vice-liderança do povo Guarani Kaiowá, de 48 anos, ocorrido dentro do território tradicional da Aldeia Taquaperi, em Coronel Sapucaia, no sul de Mato Grosso do Sul, no domingo (28) à tarde.
A manifestação foi publicada nas redes sociais da Assembleia Geral do Povo Kaiowá e Guarani e classifica o crime como um ataque grave aos direitos dos povos indígenas, à vida e à autonomia territorial. Segundo o texto, a violência contra lideranças indígenas persiste mesmo em áreas que deveriam garantir proteção às comunidades.
De acordo com o boletim de ocorrência, a Polícia Militar foi acionada via Central 190 para atender a uma ocorrência de homicídio na aldeia. Ao chegar ao local, os policiais encontraram a vítima, identificada como Lúcio Ximenes, já sem vida.
Conforme apurado pela reportagem, Lúcio exercia a função de vice-cacique da Aldeia Taquaperi. A esposa da vítima relatou à polícia que ele estava em frente à residência do casal quando um homem, em uma motocicleta de origem estrangeira e de cor preta, se aproximou e perguntou se havia gasolina para venda. Após a resposta negativa, o suspeito sacou uma arma de fogo e efetuou diversos disparos.
Ainda segundo o relato, Lúcio tentou correr, mas caiu poucos metros depois, nas proximidades da casa. O autor fugiu logo em seguida e não foi localizado até o momento.
Investigação e Contexto
Familiares informaram à polícia que a vítima possuía dívidas com vendedores ambulantes. Um dos mascateiros, de origem paraguaia, teria ameaçado Lúcio em razão do atraso de duas parcelas de 200 reais, referentes à compra de uma lavadora de roupas e uma sapateira. A família acredita que essa situação possa ter motivado o crime.
A perícia técnica foi acionada, mas o local não pôde ser isolado devido à grande movimentação de moradores e à comoção da comunidade.
Em nota, entidades indígenas alertam que a impunidade contribui para a repetição de crimes e mantém um cenário permanente de insegurança para os povos originários. Os grupos cobram apuração rigorosa dos fatos, identificação e responsabilização dos autores e mandantes.