Estudantes que ingressavam no curso de Biologia na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), já eram alertados por veteranos sobre o comportamento do professor acusado de estupro e aguardavam ansiosos alguma decisão da Universidade quando à conduta dele.
Uma aluna que preferiu não se identificar e que ainda teria a primeira aula com o professor este ano, confirma que havia sido alertada pelos alunos veteranos sobre a “fama de assediador“, mas que só soube do caso de estupro através das notícias. A aluna relata que o professor havia cancelado as primeiras aulas que teria com os alunos da turma. Ela relata que tanto ela, quanto colegas, ficavam receosos e sob estresse com a ideia de ter aulas com ele e esperavam a posição da Reitoria da Universidade sobre o caso.
Em relatos à nossa equipe, outra aluna que está no último ano do curso disse que teve aula com o professor no primeiro ano da faculdade e que ela e as colegas haviam sido alertadas, fato ocorreu ano após ano para os novos alunos.
Ela conta que o professor sempre pareceu ser “da galera“, indo ao bar e pontos como a 14 de julho com os estudantes. Além disso, boatos de que o professor se envolvia com alunas e de um suposto estupro de uma estudante de anos atrás circulava. O boato foi confirmado apenas ontem, com a repercussão da mídia.
Já uma aluna do quinto semestre do curso conta que o professor escolhia as “preferidas da sala” e tentava se aproximar. Ela relata que, após confundi-la com outra aluna, o professor teria mandado mensagem convidando para uma palestra que ele lecionaria e que “seria um prazer se ela fosse assistir”.
Caso
O crime aconteceu em 2016, em uma festa universitária realizada em uma república, onde a aluna foi estuprada pelo próprio professor.
A aluna tinha ido para o quarto da casa para descansar, pois havia ingerido bebidas alcoólicas e estava passando mal. Foi quando o professor entrou e a abusou.
Nesta semana, 9 anos após o crime, o professor foi condenado em regime semiaberto e também deverá pagar uma indenização de R$ 30 mil por danos morais. A decisão é em primeira instância, ou seja, a defesa do acusado deve recorrer e a pena pode ser alterada.
O professor continuava dando aulas, até ontem (12), quando foi divulgado o afastamento dele pela UFMS. Em nota, a Universidade disse que “constituiu Comissão de Processo Administrativo Disciplinar para a completa apuração de responsabilidade do servidor, sob supervisão da Corregedoria da UFMS”
Na época do crime, em 2016, a UFMS “havia definido pela não apuração dos fatos”.