Mato Grosso do Sul registrou a oitava maior queda nas exportações brasileiras para os Estados Unidos após dois meses da aplicação do tarifaço americano. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Economia (FGV-IBRE), o Estado exportou US$ 29,24 milhões em setembro de 2025, ante US$ 69,28 milhões no mesmo mês do ano anterior — uma retração de 57,8%, equivalente a US$ 40 milhões a menos em vendas externas.
O resultado reflete os efeitos diretos das tarifas impostas sobre produtos agropecuários e industriais. O impacto foi mais intenso sobre o complexo da carne bovina, principal item da pauta exportadora sul-mato-grossense.
Carne bovina foi o setor mais atingido
As carnes bovinas desossadas e congeladas, carro-chefe das exportações do Estado, caíram de US$ 23,29 milhões para US$ 4,68 milhões, uma perda de US$ 18,61 milhões em apenas um ano.
Outros produtos do mesmo setor também registraram recuos expressivos: as carnes frescas ou refrigeradas diminuíram de US$ 3,27 milhões para US$ 1,58 milhão, e o sebo bovino passou de US$ 5,27 milhões para US$ 940 mil — um tombo de 82,1%.
De acordo com o levantamento, a dependência do Estado de poucos produtos e a forte presença de itens tarifados explicam o impacto maior sobre Mato Grosso do Sul, que ficou atrás de estados como Acre (99,9%), Mato Grosso (–81%) e Pernambuco (–64,8%) no ranking nacional de quedas.
Produtos isentos ajudaram a amortecer as perdas
Entre os produtos isentos das novas tarifas, a pasta química de madeira, usada na fabricação de celulose, manteve participação relevante na balança sul-mato-grossense. Mesmo com uma leve queda de 14,5% — de US$ 16,46 milhões para US$ 14,07 milhões —, o item segue como um dos principais responsáveis por amortecer os efeitos do tarifaço.
O ferro fundido bruto também apresentou retração, caindo de US$ 13,06 milhões para US$ 5,54 milhões, enquanto o setor de couros e peles bovinas encolheu de US$ 750 mil para US$ 300 mil.
Na contramão, a exportação de filés de tilápia cresceu de US$ 40 mil para US$ 920 mil, alta de mais de 2.000%, embora o volume ainda seja pequeno dentro da pauta geral.
Busca por novos mercados
A FGV aponta que estados com economia baseada em poucos produtos — especialmente os ligados ao agronegócio — são os mais vulneráveis aos efeitos do tarifaço.
Em Mato Grosso do Sul, a concentração nas carnes bovinas e derivados amplia essa dependência.
Com a retração nas compras norte-americanas, empresas sul-mato-grossenses devem redirecionar parte das vendas para outros mercados, sobretudo na Ásia e no Oriente Médio.