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ENTREVISTA

Frio intenso mobiliza rede de acolhimento a moradores de rua em Campo Grande

Vice-prefeita detalhou no programa Microfone Aberto as estratégias da Prefeitura para garantir abrigo, alimentação e atendimento a quem vive nas ruas durante as noites geladas

Servidores da SAS recolhendo cobertores - Foto: Divulgação/Prefeitura de CG
Servidores da SAS recolhendo cobertores - Foto: Divulgação/Prefeitura de CG

Em entrevista ao vivo no programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande, nesta quinta-feira (29), a vice-prefeita e secretária de Assistência Social e Cidadania, Camilla Nascimento (Avante), detalhou as ações emergenciais adotadas pela gestão municipal diante da queda nas temperaturas na capital.

Com termômetros registrando menos de 10 °C, a prioridade tem sido o acolhimento imediato da população em situação de rua — mas a proposta vai além do atendimento paliativo.

De acordo com Camilla, a estrutura montada no Parque Ayrton Senna passa a funcionar sempre que a temperatura atinge 12 °C ou menos. No local, a Prefeitura oferece abrigo, alimentação, atendimento médico, suporte psicológico e até assistência aos animais de estimação das pessoas acolhidas.

“O nosso objetivo é que ninguém passe a noite ao relento. Só nesta última madrugada acolhemos 52 pessoas, quase o dobro da estimativa inicial”, afirmou.

Camilla Nascimento nos estúdios da Massa FM Campo Grande – Foto: Luiz Gustavo Soares/Portal RC6N7

Primeira etapa do acolhimento

O espaço no Parque Ayrton Senna funciona entre 18h e 6h da manhã, com apoio do Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) e da Defesa Civil. Casos de saúde mais graves são encaminhados para unidades da rede pública.

Pela manhã, os atendidos podem ser direcionados ao Centro Pop, que dá sequência ao atendimento com foco na reinserção social.

Ali, são realizados encaminhamentos para retirada de documentos, inserção em programas de qualificação e, em alguns casos, direcionamento para oportunidades de emprego.

Integração com saúde e combate à dependência

Além do Inverno Acolhedor, que atua na proteção contra o frio, a Prefeitura também iniciou o projeto Volta Por Cima, voltado à reinserção de pessoas em situação de rua com dependência química.

A ação tem parceria direta entre a SAS (Assistência Social) e a SESAU (Saúde), com protocolos específicos para atendimento de casos envolvendo transtornos mentais ou uso de substâncias psicoativas.

“O Volta Por Cima tem outro foco. Não é só o acolhimento: é convencimento, é tratamento, é transformação”, explicou Camilla.

Censo inédito previsto para este ano

A secretária também revelou que Campo Grande ainda não realizou um censo oficial da população em situação de rua, mas que isso está previsto para o segundo semestre de 2025.

Atualmente, a estimativa da SAS aponta entre 2 mil e 3 mil pessoas em vulnerabilidade extrema na capital.

“Hoje trabalhamos com números parciais, com base em abordagens e registros nos nossos centros de atendimento. O censo vai nos dar um retrato real e atualizado”, destacou.

Participação da sociedade é fundamental

Camilla reforçou que a população pode — e deve — participar ativamente do processo de acolhimento. Para doações, a recomendação é procurar o Fundo de Apoio à Comunidade (FAC) ou a Defesa Civil.

Já em casos de moradores em situação de vulnerabilidade ou dependência visível, a orientação é acionar diretamente a Assistência Social.

“Nosso trabalho é de reinserção, de dignidade. Se a pessoa não quer ir para o abrigo, entregamos o cobertor e voltamos para acompanhar. A gente não desiste. O que queremos é promover autonomia e autoestima”, afirmou.

Da rua ao emprego: um caminho possível

Segundo a secretária, diversas pessoas acolhidas têm solicitado ajuda para conseguir um trabalho. A SAS tem agilizado a documentação para que essas pessoas possam concorrer a vagas de emprego disponíveis na rede de parceiros.

“Essa transformação social só acontece com oportunidade. Nossa missão é tirar essas vidas da invisibilidade”, finalizou.

Confira a entrevista na íntegra: